Entenda os riscos dos jogos de azar online para a saúde mental
Com a crescente popularização das apostas esportivas e dos jogos de azar online, cada vez mais pessoas buscam uma forma rápida de melhorar a situação financeira. No entanto, essa promessa de ganhos fáceis pode esconder um perigo grave: o vício em jogos de aposta, que pode trazer sérias consequências para a saúde mental. Lucas Benevides, psiquiatra e professor de Medicina do Centro Universitário de Brasília (CEUB), alerta que esse vício é considerado uma patologia grave, reconhecida por importantes entidades de saúde, como a Organização Mundial da Saúde (OMS) e o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5).
“O transtorno de jogo é caracterizado por um comportamento persistente e recorrente de apostas que prejudica a vida pessoal, familiar ou profissional do indivíduo”, explica Benevides. Ele afirma que o vício em apostas, especialmente em sites e aplicativos de esportes e cassinos online, está se tornando cada vez mais comum, devastando lares e levando muitas pessoas a situações extremas.
Sinais de alerta para o vício em apostas
O vício em jogos de azar pode se manifestar de diversas maneiras. A necessidade de apostar quantias cada vez maiores para sentir a mesma excitação é um dos principais sinais. Além disso, pessoas viciadas tendem a ficar irritadas ou ansiosas quando tentam reduzir ou parar de jogar, e muitas vezes mentem para ocultar o grau de envolvimento com o jogo. Outro sinal preocupante é a perda de controle sobre o tempo e o dinheiro investido nas apostas.
“As consequências podem ser devastadoras, desde a perda de relacionamentos significativos até problemas profissionais, como a perda do emprego ou oportunidades educacionais”, alerta o professor do CEUB. Esse comportamento compulsivo não só afeta o apostador, mas também sua rede de apoio, colocando em risco a saúde financeira e emocional de toda a família.
O impacto financeiro
Além dos efeitos na saúde mental, o vício em apostas também pode levar a graves problemas financeiros. Lucas Benevides ressalta que muitas pessoas viciadas acabam se afundando em dívidas, gastando suas economias, vendendo bens pessoais e, em casos mais extremos, recorrendo a empréstimos ou fraudes para financiar o hábito. “A situação financeira do jogador pode rapidamente sair de controle, resultando em consequências legais e deterioração da qualidade de vida”, afirma o psiquiatra.
Tratamento e recuperação
Para aqueles que estão lutando contra o vício em apostas, o tratamento pode envolver uma combinação de terapias psicológicas, grupos de apoio e, em alguns casos, medicação. Benevides destaca a eficácia da terapia cognitivo-comportamental (TCC), que ajuda o indivíduo a identificar e modificar os pensamentos e comportamentos associados ao jogo. Essa abordagem também auxilia na gestão dos impulsos e na resolução de problemas subjacentes, como o estresse ou ansiedade que podem levar ao vício.
Além da terapia, o apoio de grupos como Jogadores Anônimos é fundamental no processo de recuperação. “Esses grupos oferecem um ambiente de suporte e partilha de experiências, que é crucial para o indivíduo entender que não está sozinho e que a recuperação é possível”, explica o psiquiatra. Em casos mais graves, medicamentos podem ser prescritos para tratar condições associadas, como depressão ou transtornos bipolares, que muitas vezes coexistem com o vício em apostas.
A importância de buscar ajuda
Benevides reforça que o vício em jogos de azar deve ser tratado com seriedade e que buscar ajuda profissional é essencial para interromper o ciclo destrutivo das apostas. “É importante que as pessoas reconheçam os sinais de alerta e não hesitem em procurar apoio médico e psicológico. O tratamento adequado pode transformar vidas e evitar consequências ainda mais graves”, conclui o professor do CEUB.