Riachuelo apresenta nova coleção e destaca o desenvolvimento do algodão agroecológico produzido no RN
Jessyanne Bezerra
Repórter
A maior fábrica têxtil da América Latina, a Guararapes, no Rio Grande do Norte, foi sede do lançamento da nova coleção de verão da Riachuelo, empresa que está há 77 anos vestindo o povo potiguar e gerando emprego e renda. As roupas fazem parte do Pró-Sertão, onde estilistas, costureiros, designers, engenheiros, modelistas do interior do Estado fazem parte processo produtivo das peças. Além disso, a Riachuelo explicou sobre o novo método tecnológico implementado pela empresa, junto com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA) e o Sebrae/RN, do algodão agroecológico que é produzido por agricultores do RN.
No evento, desfilaram 31 colaboradores que fizeram parte do processo criativo e produtivo das peças de roupas. A coleção destaca os tons de azul e branco e, de acordo com Graziela Di Batista, diretora executiva de gente, a ideia surgiu do desfile surgiu no primeiro contato que teve com as peças de roupas. “A nossa ideia de diversidade é ter dentro de casa a representatividade da sociedade. Então, aqui a gente tem gente de todos os tipos, jeitos, tamanhos, todos os corpos e jeitos de pensar, religiões. Então, não precisou ir muito longe para ter aqui o melhor casting que a gente poderia ter”, explicou Di Batista.
O desfile também marca a integração da produção têxtil no interior do RN, por meio do Pró-Sertão. O diretor do Instituto Riachuelo, Gabriel Rocha Kanner, destacou que a empresa possui um papel diferenciado no mercado por ser a única capaz de produzir no sertão e distribuir para o país inteiro. “O projeto do Pro-Sertão, no interior, que hoje gera praticamente 4 mil empregos diretos, é o maior programa de empregabilidade do Estado do Rio Grande do Norte. É um programa que muito nos orgulha e muitas das peças que são feitas hoje na Guararapes, que vão para o Brasil inteiro, são feitas aqui na fábrica e nessas oficinas de costura do interior”, afirma Gabriel Kanner.
Ano passado, a Guararapes anunciou que centralizaria a produção fabril em solo potiguar, na própria unidade, em Extremoz, e também nas facções têxteis do interior que integram o Pró-Sertão. Hoje, além da unidade situada na região metropolitana de Natal, há também outras 29 cidades, com mais de 100 oficinas de costura.
Ele também explica o projeto da revitalização da cultura do algodão e como isso fortalece a indústria têxtil e toda a cadeia produtiva. “Depois de 40 anos sem plantar algodão no RN, revitalizamos o plantio do algodão e hoje ele voltou a ser fonte de renda para as famílias agricultoras do interior, e esse projeto está expandindo. Agora, a gente consegue integrar desde a produção do algodão à produção da malha, do fio, e das peças, e mandar isso para o Brasil todo. Então, essa cadeia integrada é fundamental para a gente mostrar a força do Rio Grande do Norte”, explica Kanner.
O CEO da Riachuelo André Farber, que visitou o interior do Estado durante a semana, ressaltou a importância da volta do cultivo de algodão no RN. “Com o governo, com o Pró-Sertão, com algumas entidades, como o Sebrae, o SENAI, a gente tem feito trabalho de desenvolver a cadeia têxtil, com muita responsabilidade do Rio Grande do Norte. Eu acabei de voltar, estou numa viagem para o sertão, a gente começou em Mossoró, passou por Cerro Corá, por Parelhas, em muitas cidades, e a gente estava visitando a nossa cadeia de fornecimento. A gente tem mais de 100 empresas parceiras que empregam mais de 3 mil pessoas, além das pessoas que a gente emprega diretamente”, explica o chefe executivo.
Mas a inovação não fica apenas no campo da produção. Desde 2020, Riachuelo já investiu mais de R$ 2 bilhões em tecnologias, principalmente, voltadas para o comércio online. O CEO destaca que a Riachuelo se consolidou no comércio online, sendo uma das maiores varejistas online, adotando o omnicanal, que é uma integração entre físico e virtual.
“A gente está crescendo, no primeiro semestre, em torno de 10, 11%, acho que o número é 10,8%. A gente também voltou a ter lucro no segundo trimestre de 2024. Uma coisa muito importante é que a gente é a única empresa dessas grandes de vestuário que tem a cadeia integrada. E a cadeia integrada emprega muita gente, cerca de 30 mil pessoas. E com esse crescimento, a gente está crescendo muito em volume, a gente adaptou o produto, a gente está conseguindo fazer tudo mais acessível para o cliente e a gente está conseguindo otimizar muito a nossa fábrica. Então, por exemplo, esse ano a fábrica está aumentando 40% do seu volume e a gente está empregando, só aqui na fábrica, mais de 1.500 pessoas”, explicou Farber.
“Tem muito potencial no Pró-Sertão”, afirma CEO da Riachuelo
Bate-papo com André Farber
Como o RN está posicionado nacionalmente na produção têxtil?
Temos uma empresa que nasceu aqui no Rio Grande do Norte, tem a nossa fábrica no Rio Grande do Norte, tem loja, tem nosso call center aqui também. Empregamos só na fábrica cerca de 10 mil, tem 1.500 no call center, deve ter mais de mil nas lojas. Então, devemos ter perto de 12 mil empregados. Junto com o governo, com o Pro-Sertão, com algumas entidades como o Sebrae, Senai, a gente tem feito um trabalho de desenvolver a cadeia têxtil com muita responsabilidade no Rio Grande do Norte. Temos mais de 100 empresas parceiras, empresas que empregam mais de 3 mil pessoas, além das 3 mil pessoas que a gente emprega diretamente. É um trabalho muito sério, começou em 2013, com o nome de Pro-Sertão, E vejo que é uma vocação do Estado, tem muita oportunidade de crescimento [no Pró-Sertão] ainda e de geração de emprego, principalmente para as mulheres, porque o trabalho da costura é um trabalho que a mulher é mais delicada. É um trabalho que já está dando muito resultado, e tem muito potencial.
Atualmente, como está esse processo de integralização das produções têxteis do interior com a fábrica em Extremoz?
Temos um trabalho muito bonito e que eu tenho muito orgulho. A gente tem trabalhado com a costura no Pro-Sertão,com mais de 100 oficinas de costura, em 29 cidades e, agora, na Olimpíadas, fizemos um trabalho com as bordadeiras, que podemos pensar em fazer mais coisas. A olimpíada nos abriu esse canal de pensamento com as bordadeiras. A gente também faz um trabalho da volta da cultura do algodão no sertão, que a gente chama de agrosertão, onde a gente está produzindo em conjunto com a Embrapa e com agricultores locais do RN, um algodão agroecológico, com muito pouco uso de água e que a gente já produziu, no ano passado, cerca de 65 toneladas de rama de algodão e vamos crescer essa produção e utilizar na nossa fábrica aqui. Então, está cheio de oportunidades, que precisam de trabalho, de gente séria, de parceria entre iniciativa privada e governo, e de todas as entidades, e a gente consegue fazer muito mais. Hoje, tem esse trabalho do Instituto Riachuelo com o algodão. Esse algodão é usado na nossa fábrica, onde a gente produz tecido. O tecido vai para as nossas roupas. Aí a gente começa aqui o design, o corte. Depois do corte, muitas vezes ele volta para o sertão, para a costura. Depois, ele volta para a nossa fábrica para o acabamento. E daqui ele é distribuído pelo Brasil todo.
O fortalecimento da cadeia produtiva local, como as oficinas no Rio Grande do Norte, pode ser um diferencial importante para a competitividade da marca e geração de emprego?. Há margem para expansão? E de que forma?
Sempre tem margem para espaço para expansão. Se nós, dentro do nosso negócio, melhorarmos as tecnologias, melhorarmos o produto, o cliente vai querer mais produto e a gente consegue, então, começar a aumentar o volume e isso gera crescimento. O crescimento vem quando você encontra soluções boas para o cliente, consegue ser competitivo e, com isso, oferecer soluções que são bons produtos com bons custos. Pontos aqui de oportunidade são continuar o investimento em pessoas, em treinamento, que a gente faz, mas também a gente trabalha com as entidades, com o governo, para desenvolver a mão de obra. Outro ponto de atenção e oportunidade é a concorrência desleal que a gente tem dos importados que pagam menos impostos Isso já vem diminuindo e a gente tem feito trabalho junto aos governos também. E não dá para as empresas de um território nacional, de um território cultural, pagarem mais impostos que os que produzem fora do Brasil e se isso é extremado, isso afeta diretamente o emprego.