Após crítica de Zelensky, Lula reforça que não há “solução militar“ para guerra na Ucrânia

Após crítica de Zelensky, Lula reforça que não há “solução militar“ para guerra na Ucrânia
Publicado em 25/09/2024 às 17:44

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) reforçou nesta quarta-feira (25), durante coletiva de imprensa, que não há “solução militar” para a guerra na Ucrânia.

“É preciso que haja solução diplomática e por isso o Brasil tem insistido na paz”, comentou o presidente, após dizer que a guerra “nem precisaria ter começado”.

A fala acontece após críticas de Volodymyr Zelensky, presidente ucraniano, ao que Lula chamou de “tese” apoiada por Brasil e China para o fim do conflito durante discurso na Assembleia Geral da ONU.

“A guerra já está durando quase 3 anos e me parece que não tem nada previsto para que haja uma negociação. Celso Amorim já esteve a meu pedido na China, na Rússia, na Ucrânia na tentativa de discutir se há um caminho pra gente fazer proposta de paz”, comentou.

“Há uma proposta da China que vem sendo elogiada por algumas pessoas junto com o Brasil e estamos dispostos a saber se os dois países estão interessados em conversar, porque, se os dois não quiserem, não tem conversa”, adicionou.

O presidente brasileiro admitiu que o trabalho para um acordo não é fácil, mas destacou que é necessário achar um “denominador comum” entre Rússia e Ucrânia.

Em outro momento da fala, Lula voltou a comentar sobre as críticas de Zelensky, ressaltando que o ucraniano “só falou o óbvio” na ONU.

“Que ele tem que defender a soberania, é obrigação dele. Que ele tem que ser contra a ocupação do território [ucraniano], é obrigação dele. O que ele não tá conseguindo fazer é a paz. E o que nós estamos propondo não é fazer a paz por eles, é chamar a atenção para que eles levem em consideração que somente a paz vai garantir que a Ucrânia sobreviva enquanto pais soberano e a Rússia sobreviva”, destacou.

Em seguida, o chefe de Estado brasileiro afirmou que não há “proposta” de China e Brasil para resolução do conflito, mas uma “tese” de que é importante o diálogo.

“Ele [Zelensky]”, se fosse esperto, diria que a solução é diplomática, não é militar. E isso depende de capacidade de sentar e conversar. Ouvir o contrário e tentar chegar num acordo para que o povo ucraniano tenha sossego na vida”, comentou.

Crise no Oriente Médio

Lula também comentou sobre a crise no Oriente Médio, destacando que a situação em Israel, na Faixa de Gaza e no Líbano “não tem precedentes”.

Ainda sobre isso, e também abordando a proposta de reforma na ONU, o petista disse que a organização “teve muita força, quando foi criada, para criar o Estado de Israel, e agora não tem força para criar o Estado palestino”.

Após destacar o número de mortos no Líbano nos recentes ataques israelenses, o petista voltou a dizer que há genocídio na Faixa de Gaza e pontuou de maneira equivocada que o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, foi “condenado da mesma forma” do presidente russo, Vladimir Putin.

Em maio deste ano, a CNN relatou com exclusividade que o promotor-chefe do Tribunal Penal Internacional (TPI), Karim Khan, está buscando um mandado de prisão contra Netanyahu. Ainda assim, a corte não expediu o pedido de detenção contra o líder israelense.

Em março de 2023, o TPI emitiu um mandado de prisão contra Putin por ser “supostamente responsável” pelos crimes de guerra, de deportação ilegal de população e transferência ilegal de população da Ucrânia para a Rússia.

Nenhum dos dois líderes foi julgado e condenado pelo Tribunal Penal Internacional ainda.

Lula ressaltou que o Conselho de Segurança da ONU aprovou resolução de cessar-fogo para a guerra na Faixa de Gaza, mas que o premiê israelense não cumpriu a determinação.

“Acho que os países que dão sustentação aos discursos do primeiro-ministro Netanyahu precisam começar a fazer um esforço maior para que esse genocídio pare”, afirmou.

Em seguida, o presidente brasileiro disse que condena de forma veemente o comportamento do governo de Israel e que tem “certeza que a maioria do povo de Israel não concorda com esse genocídio”.

Ainda assim, ele ressaltou que é necessário que o Hamas “contribua para que haja mais eloquência e exigência sobre o governo de Israel e liberar os reféns”.

Defesa da democracia

O presidente brasileiro falou sobre a revitalização de democracia, destacando que há “gente ficando rica com a quantidade de mentiras” publicadas.

Ele pontuou que, em algum momento, a democracia cometeu uma falha que permitiu que “pessoas extremistas e de extrema direita pudessem questionar a própria democracia e o sistema”.

Economia

Ao falar sobre economia, Lula comentou, ironicamente, que é um “presidente de muita sorte”.

“Estou dizendo para as pessoas: aproveite. Sou uma pessoa de tanta sorte que o Corinthians começou a ganhar. Já ganhou três jogos seguidos”, disse, adicionando que a economia brasileira está surpreendendo “os homens do mercado externo, os homens do mercado interno, os pessimistas de plantão”.

Ele também afirmou que a economia continuará crescendo e que continuará a levar o Brasil a um padrão de vida que seja respeitável.

*em atualização