A esquerda sambou – Tribuna do Norte
Alex Medeiros
@alexmedeiros1959
Um dos sambas mais clássicos da MPB, chamado Conversa de Botequim, composto em 1935 pela dupla Noel Rosa e Vadico, é o retrato invertido do resultado das urnas de domingo e que varreu o Partido dos Trabalhadores das grandes cidades brasileiras.
Na canção famosa, há um trecho que diz assim “feche a porta da direita com todo cuidado”… Pois bem, mas o que se viu na imagem do espelho da votação foi a grande maioria dos eleitores em todo o país como se tivesse cantado “feche a porta da esquerda”. E aí fechou geral.
A esquerda do PT, PSOL, PCdoB, PSTU et caterva foi varrida das capitais e das maiores cidades acima de 200 mil eleitores. Uma mostra está na dicotomia Lula versus Bolsonaro, de acordo com o resultado oficial do TSE.
O atual presidente da república elegeu dois aliados no primeiro turno e tem cinco para tentar sucesso no segundo, enquanto o ex-presidente elegeu seis prefeitos e agora tem mais 14 disputando a parada no segundo turno.
Lembrando também que as outras legendas conservadoras, de direita e liberal, conseguiram um bom crescimento neste novo cenário de portas fechadas para a esquerda. O PT caiu para a oitava posição entre todos os partidos.
No atual ranking que saiu das urnas, o PSD lidera com 888 cidades, o MDB com 865, o PP com 752, o União Brasil com 589, o PL com 523, o Republicanos com 441, o PSB com 312, o PSDB com 276 e o PT com 253.
O partido de esquerda com mais prefeituras já não é o PT, mas o PSB, a legenda hoje comandada pelo vice-presidente Geraldo Alckmin, aquele que ideologicamente nem fede nem cheira, como um chuchu cru.
O confronto direto entre PL e PT aconteceu em 8 capitais, sendo que o PL teve candidatos a prefeito em 14 e o PT em 13. O maior retrato do fracasso do partido de Lula está no estado de São Paulo, berço político da legenda.
Houve derrotas nas cidades de São Bernardo do Campo, Santo André, São Caetano do Sul e Guarulhos e ainda com risco de derrota em Diadema. São tradicionais regiões com reduto de votos operários para os petistas.
Domingo foi um dia histórico de virada de azimute no horizonte político do Brasil em que a maioria do eleitorado esmagou a esquerda indigna e suja, fechando-lhe a porta como num samba invertido do poeta do povo Noel Rosa.
Mas ainda é preciso cuidado, pois na democracia exposta ao Sol os truques do sistema de poder em favor da pauta woke são capazes de alterar a realidade das ruas como já fez em 2014 contra Aécio e em 2022 contra Bolsonaro.
Estejam alertas no segundo turno, fechem a porta da esquerda com todo o cuidado. A eleição é um confronto entre valores morais ocidentais e doutrinas escatológicas de interesse venoso. Pra frente, Brasil! Pra frente, Natal!
Multidão No segundo turno, há um gigantesco oceano de votos para o mergulho de Paulinho e Natália. Na soma das mais de 145 mil abstenções com os votos de Carlos, Rafael, nulos e brancos tem mais de 290 mil votos flutuando na cidade.
Indiferença Há décadas curto passear nas seções eleitorais mais tradicionais. Domingo foi o dia mais vazio, frio e silencioso por parte do eleitor. Único local com aglomeração que encontrei foi o Colégio Walfredo Gurgel, em Candelária.
Direita Ficou evidente o domínio do conservadorismo nas urnas de domingo, mas fazendo um recorte analítico no RN é muito cedo para tratar como de direita uma penca de oportunistas e fisiológicos hospedados na sombra de Bolsonaro.
Palpites Já não são mais apenas os institutos de pesquisas que fazem reajustes na reta final das eleições. Desde a abertura das primeiras urnas foi divertido ler alguns blogues em ritmo de contorcionismo afirmando que acertaram nas previsões.
Pesquisas Há um momento em que, quando a realidade escamoteia, a ficção acende a luz da razão, por maior seja a controvérsia. Sábado, na resenha do Datapio, a primeira parcial deu Paulinho 42,8%, Natália 21,4%, Carlos 14,2¨e nulos 14%.
Pisca-pisca Natália Bonavides não pode repetir o que fez no debate da Inter TV no primeiro turno. Falar piscando demais denuncia conversa fiada, insegurança e boçalidade. Parecia mais uma versão híbrida de Sonia Abrão e Nelson Rubens.
Vitorioso Valeu a pena para Matheus Faustino (União Brasil) pegar no pé de esquerdistas, transformando em vitrine quem só sabe ser estilingue. O estilo cavaleiro solitário, um sniper de Instagram, garantiu uma cadeira na Câmara.
Transferência A vereadora Samanda Alves (PT), que superou Julia Arruda (PCdoB) por apenas 8 votos, virou prêmio disputado por seguidores da governadora Fátima e do deputado Francisco. Ela teria sido eleita pela força eleitoral de ambos.
Sexteto A Câmara Municipal de São Paulo terá um alinhamento do barulho com seis vereadores para azucrinar a pauta esquerdopata. Lucas Pavanato. Zoe Martinez, Adrilles Jorge, Major Palumbo, Sargento Nantes e Janaína Paschoal.
Dindin O cacique do PL, Valdemar Costa Neto, avisou aos correligionários que passaram ao segundo turno que a grana do fundão quase acabou no primeiro turno e também alertou que Jair Bolsonaro não aceita pedidos de doações.
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