“Quero uma equipe que nunca se entregue em campo”, disse Leston, novo técnico do América
O novo treinador do América, Leston Júnior, se disse surpreso com o processo evolutivo desenvolvido pelo América como um clube e elogiou o trabalho que vem sendo desenvolvido no sentido de garantir uma melhor organização e que, se não for interrompido, tem tudo para levar a equipe de volta aos seus melhores dias no cenário nacional. Católico, o novo comandante acredita que, para ter sucesso em um trabalho desenvolvido num clube de massa, as pessoas necessitam de algo mais que apenas competência e projeta a formação de um time competitivo para 2025.
Qual característica será essencial para a equipe que você pretende formar no América?
Existem valores inegociáveis: solidariedade, comprometimento e uma insatisfação positiva, aquela vontade constante de buscar mais. Ganhar ou perder faz parte do jogo, mas quero uma equipe que nunca se entregue e que tenha uma atitude valente em campo. Esses valores precisam ser cultivados diariamente e vão muito além dos 90 minutos. Desde a apresentação oficial, todos os jogadores, os que já estão aqui e os que vão chegar, vão entender que essa será a nossa base de trabalho.
Qual é a sua expectativa em relação à torcida do América, que dos últimos dez anos, estará vendo a equipe disputar a Série D pela oitava vez?
A torcida está ansiosa e com razão. Não é só pelo acesso, mas pela expectativa de um crescimento sustentável, que permita ao clube não apenas subir, mas se manter e crescer. Essa expectativa é a mais próxima de ser realizada, considerando tudo o que estou vendo em termos de estrutura e planejamento para o futuro. Espero que possamos contribuir para que esse sonho do acesso se concretize ao longo da temporada.
Durante a apresentação, o Constantino informou que vários requisitos foram considerados para a escolha do treinador. Na sua visão, quais são os atributos que o credenciam para assumir o América?
Assim como o Constantino comentou, acredito que atendi ao perfil de treinador que o clube buscava para 2025. Diria que meu maior atributo é uma vontade imensa de fazer parte desse momento especial do América. Tenho uma entrega total, profissionalismo e comprometimento para responder à confiança que me foi dada. Sempre penso que o torcedor, assim como eu fui um dia, quer ser bem representado. Ele quer ver seu time vencer, mas também quer sentir orgulho dos profissionais que estão no comando. Quero, com muito trabalho, contribuir para que essa expectativa seja alcançada.
Vejo que você está segurando uma espécie de amuleto. O que significa esse amuleto?
É um terço. É uma questão de fé. Acredito que, para estar à frente de um clube como o América, ou de qualquer grande equipe que já dirigi, é necessário mais do que apenas domínio técnico. É preciso ter uma força mental muito grande, pois a exigência é diária e intensa, especialmente para alguém como eu, que coloca uma cobrança muito forte sobre si mesmo. Costumo dizer que, se algum dia a cobrança externa for maior do que a minha própria, algo está errado. Esse terço representa essa força espiritual, minha convicção na minha capacidade e na das pessoas ao meu redor, para conduzir o trabalho com segurança.
Como você classifica o desafio de estar no comando do América?
Eu classifico como uma grande oportunidade. O desafio é imenso, mas acredito que a oportunidade é proporcional. O América, inevitavelmente, alcançará o sucesso, por tudo que está sendo construído aqui. Se não for eu a conduzir essa ascensão, será outro treinador, porque isso vai acontecer. Mas eu não quero perder a oportunidade de ser esse profissional no comando técnico neste momento. Então, vejo este desafio como uma grande oportunidade e me sinto preparado para aproveitá-lo ao máximo.
Como gerir o desafio de comandar o América, considerando que mesmo com apenas sete derrotas em 43 jogos, o trabalho deste ano foi avaliado como insuficiente devido à falta de acesso?
O que fica, no final, é o resultado, e eu nunca vou desconsiderar isso em uma avaliação. O América teve uma boa temporada em muitos aspectos – foi campeão estadual, participou da Copa do Brasil, chegando a enfrentar o Corinthians, e competiu na Copa do Nordeste. No entanto, o objetivo do acesso não foi alcançado, e essa será sempre a meta principal. Se repetirmos essas conquistas, mas não conseguirmos o acesso, a avaliação será parecida. No entanto, eu não posso focar apenas no resultado final; preciso observar o que está sendo construído e garantir uma estrutura sólida. Meu foco é controlar o que posso: os treinos, as escolhas diárias e o ambiente de trabalho. O resultado dos jogos ninguém controla, mas acredito que ações bem-feitas aumentam a probabilidade de sucesso.
A pré-temporada começa em aproximadamente 15 dias. Como você avalia o planejamento para esse período e quais são as prioridades a curto prazo?
A curto prazo, nosso foco está em montar um elenco equilibrado, que atenda às expectativas para a temporada. Queremos uma equipe que nos permita competir bem nas quatro competições previstas para o ano. Paralelamente, já estamos desenvolvendo o planejamento de pré-temporada, em conjunto com a comissão técnica e a direção, para que possamos iniciar os trabalhos com a maior parte do elenco à disposição. Como teremos três competições no primeiro trimestre, o tempo para treinar será reduzido, então é essencial aproveitar bem a pré-temporada para chegar em janeiro com o nível competitivo que buscamos.