Servidora pública é palestrante no Colégio Americano dos Cirurgiões, a maior congregação de cirurgiões do mundo

Servidora pública é palestrante no Colégio Americano dos Cirurgiões, a maior congregação de cirurgiões do mundo
Publicado em 04/11/2024 às 7:57

Imagem ilustrativa (Foto: Genival Moura/ G1)

Em outubro de 2024, a cidade de Assis Brasil, localizada no Acre, registrou aumentos significativos no custo das cestas básicas alimentares e de limpeza doméstica, segundo uma pesquisa detalhada realizada por alunos do curso de Economia da Universidade Federal do Acre (UFAC). A pesquisa revelou que a cesta básica alimentar subiu 18,66% em comparação com setembro, enquanto a cesta de limpeza doméstica teve alta de 10,76%. Por outro lado, a cesta de higiene pessoal apresentou uma queda de 28,76%, refletindo a variação nos preços de produtos essenciais. A coleta de dados foi realizada em 10 estabelecimentos comerciais, incluindo mercados varejistas de diferentes portes, açougues e panificadoras, distribuídos em cinco bairros de Assis Brasil.

A pesquisa foi conduzida pelos alunos da UFAC como parte de um projeto de extensão que busca monitorar os preços dos itens de consumo essencial, promovendo maior transparência e conscientização sobre a economia local. Um dos responsáveis pelo estudo, João Sales de Moura Filho, discente de Economia da UFAC, comentou sobre a importância da pesquisa: “Nosso objetivo é fornecer dados atualizados para que a população compreenda como a inflação impacta diretamente o orçamento familiar. Esse aumento de quase 19% na cesta alimentar é expressivo e afeta diretamente as pessoas que vivem com o salário mínimo”.

Aumento no Custo dos Alimentos e Tempo de Trabalho Necessário

A cesta básica alimentar, que em setembro custava R$ 476,61, passou para R$ 489,63 em outubro, registrando um aumento de R$ 13,02. O estudo constatou que, dos 14 produtos monitorados, 8 apresentaram elevação nos preços. Entre os itens que mais influenciaram esse aumento, destacaram-se o tomate, com uma alta de 27,74%, seguido por manteiga (18,20%), café (5,92%) e carne (2,26%). Esses produtos são essenciais no dia a dia das famílias, e o impacto no preço compromete significativamente o orçamento.

De acordo com João Sales, o aumento do preço do tomate está relacionado a problemas de produção. “Observamos, com base no Resumo Executivo Prohort da Conab, que a alta do tomate ocorre devido ao esgotamento das áreas de colheita disponíveis, o que reduziu a oferta e pressionou o preço ao longo do mês”, explicou João.

Para adquirir os produtos da cesta básica alimentar, um trabalhador de Assis Brasil que ganha o salário mínimo precisou dedicar 76 horas e 17 minutos de trabalho em outubro, um acréscimo de 1 hora e 34 minutos em relação ao tempo necessário em setembro. “Essa elevação reflete como a inflação torna o custo de vida mais pesado para quem já vive com orçamento apertado”, pontuou João.

Custos de Limpeza e Higiene Pessoal: Impacto e Contradições

Os produtos de limpeza doméstica também registraram alta, fazendo com que o valor da cesta subisse para R$ 84,73. Produtos como inseticida (9,31%), vassoura piaçava (3,79%) e detergente (3,12%) foram os que mais contribuíram para o aumento. Para adquirir essa cesta, um trabalhador precisou de 13 horas e 12 minutos de trabalho, 19 minutos a mais do que em setembro.

Em contrapartida, a cesta de higiene pessoal apresentou uma redução de 28,76%, custando R$ 35,22 em outubro. Segundo a pesquisa, os itens que mais caíram de preço foram barbeador descartável (-17,29%), papel higiênico (-9,30%) e creme dental (-6,52%). João comentou sobre o comportamento dos preços: “A queda no custo dos produtos de higiene se deve, em parte, à sazonalidade e à oferta maior desses itens no mercado. No entanto, esse alívio no preço de higiene não compensa o impacto da alta nos alimentos e produtos de limpeza”.

Participação das Cestas no Salário e Comparação com Rio Branco

O estudo da UFAC também revelou o peso das três cestas básicas (alimentar, limpeza e higiene) no salário de um trabalhador que recebe um salário mínimo de R$ 1.412,00. Em outubro, as cestas consumiram 43,17% do salário bruto e, ao considerar o valor líquido após o desconto da Previdência Social, a participação subiu para 46,67%. João reforça que o peso das cestas no salário é preocupante: “Quando quase metade do salário é consumida por itens básicos, isso reduz a capacidade de consumo em outras áreas, comprometendo a qualidade de vida”.

A pesquisa comparou ainda o custo da cesta básica alimentar de Assis Brasil com a de Rio Branco, mostrando que a cesta de Assis Brasil ficou abaixo dos valores observados na capital. Enquanto em Assis Brasil a cesta alimentar custou R$ 489,63, em Rio Branco o valor foi de R$ 517,21. No entanto, alguns produtos essenciais, como banana e mandioca, apresentaram variações consideráveis entre as duas cidades, com a banana sendo 142% mais cara em Assis Brasil e a mandioca 45% mais cara, revelando a disparidade nos preços.

Tempo de Trabalho para Famílias e Perspectivas

Para uma família padrão de dois adultos e três crianças, o custo mensal das três cestas básicas em outubro chegou a R$ 2.133,52, representando um aumento de R$ 44,91 em comparação com setembro. Esse valor corresponde a 1,51 salários mínimos, o que exemplifica as dificuldades enfrentadas por famílias de baixa renda na região. Segundo a pesquisa, o custo médio de vida em Assis Brasil pressiona a população a buscar alternativas para equilibrar o orçamento.

Graficos criados pelos discentes de economia da Universidade Federal do Acre (UFAC)

 

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