Entenda o que é a Equoterapia usada no tratamento para pessoas com Transtorno do Espectro Autista
A equoterapia é uma abordagem terapêutica que utiliza o cavalo para promover benefícios físicos, emocionais e sociais em pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA). Integrando elementos de diferentes terapias, como fisioterapia e psicologia, essa prática oferece um ambiente único para o desenvolvimento de habilidades essenciais à autonomia e qualidade de vida. A Polícia Militar do Rio Grande do Norte possui um Centro de Equoterapia com vagas abertas para a comunidade autista na capital potiguar. Em entrevista, o Tenente-Coronel Jorge Moreira, Comandante da Cavalaria, e a tenente Angélica Pascoal, responsável técnica do programa de equoterapia da polícia militar deram mais
Dos 65 cavalos em natal que a corporação possui, 3 são destinados para a terapia. No total, são 20 pessoas beneficiadas com o tratamento. O Tenente-Coronel Jorge Moreira explica que a Polícia Militar do Rio Grande do Norte era uma das duas únicas instituições no Nordeste que ainda não tinham implantado o projeto de equoterapia. “O primeiro passo foi formar os profissionais necessários para iniciar o programa. Precisamos, no mínimo, de um fisioterapeuta, um psicólogo e um profissional de equitação. Após essa etapa, conseguimos formar a equipe e, por meio de parcerias e colaborações, viabilizamos a construção do nosso centro de equoterapia. Com o espaço pronto e a equipe qualificada, o terceiro passo foi dar início ao serviço, que tem como responsável técnica a Tenente Pascoal.”, explicou o militar.
A interação com o cavalo favorece a comunicação, a empatia e o vínculo afetivo, ajudando a reduzir o isolamento social característico do TEA. Além disso, as atividades realizadas durante as sessões estimulam a atenção, a disciplina e a compreensão de regras, contribuindo para o aprimoramento das relações interpessoais. “A equoterapia é uma terapia que utiliza o cavalo como ferramenta principal para promover o desenvolvimento motor, psicológico e social, especialmente em crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA). Essas crianças, além das alterações motoras, frequentemente apresentam dificuldades significativas na interação social, muitas vezes sendo mais restritas nesse aspecto”, descreveu a Tenente Angélica.
Do ponto de vista físico, o movimento do cavalo ajuda a melhorar o equilíbrio, a postura e a integração sensorial, aspectos frequentemente desafiadores para pessoas com TEA. Essa organização sensorial também auxilia na regulação emocional e na redução de comportamentos ansiosos ou repetitivos. “O cavalo, por ser um animal grande e imponente, desperta o interesse dessas crianças, facilitando a criação de vínculos e promovendo avanços que seriam difíceis de alcançar em outros contextos terapêuticos. Com essa abordagem, conseguimos oferecer um ambiente único e envolvente, ajudando no desenvolvimento integral dessas crianças.”, explicou Pascoal.
Conduzida por profissionais especializados, a equoterapia complementa outras intervenções terapêuticas, como terapia ocupacional e fonoaudiologia, ampliando os benefícios para o desenvolvimento integral e promovendo maior inclusão social.
A tenente Pascoal, responsável pelo programa da Polícia Militar, explicou que a equoterapia começa com uma avaliação multiprofissional, incluindo entrevistas com os familiares e exames realizados pelo fisioterapeuta e psicólogo. Com base nessas informações, a equipe define os objetivos terapêuticos e escolhe o cavalo mais adequado para cada criança, garantindo um tratamento personalizado e eficaz.
“Iniciamos o trabalho com uma avaliação multiprofissional, que envolve o fisioterapeuta e o psicólogo. O primeiro contato é com os familiares, para entender o histórico da criança, como o diagnóstico foi realizado e obter mais informações sobre sua rotina e necessidades. Após essa conversa inicial, realizamos a avaliação direta com a criança. Na fisioterapia, por exemplo, fazemos uma análise motora, observando reflexos, déficits de equilíbrio e coordenação, entre outros aspectos. Após essa etapa, reunimos a equipe, incluindo o equitador, para definir os objetivos terapêuticos. Identificamos as principais necessidades da criança e planejamos o tratamento com base nisso. Parte importante do processo é a escolha do cavalo, que é feita de maneira personalizada. Cada criança tem um cavalo específico, escolhido de acordo com suas necessidades e características, garantindo o melhor aproveitamento terapêutico e a segurança do praticante.”, explico a tenente Angélica Pascoal.