José Augusto Othon – Tribuna do Norte
Perdemos José Augusto de Albuquerque Othon, que se encantou no dia 9, aos 83 anos de idade. Seridoense nascido em Currais Novos no dia 2 de agosto de 1940, era do time dos bons conversadores desta aldeia cascudiana. Estava aposentado como consultor do Tribunal de Contas do Estado e exerceu várias funções no serviço público do Rio Grande do Norte, entre eles o de oficial de gabinete do Governador Aluízio Alves, começo dos anos de 1960. Foi aí que ele teve uma missão muito especial: ser o cicerone do escritor norte-americano John dos Passos, que visitava o Rio Grande do Norte.
Pego na estante o livro de John dos Passos, “O Brasil Desperta”, publicado em 1964, que tem um capítulo sobre o Nordeste, o Rio Grande do Norte em destaque, incluindo os comícios de Aluízio e a visita a Dom Eugênio Sales. José Augusto Othon no meio. Transcrevo alguns trechos:
Aluísio Alves tem, como tantos brasileiros, o dom de parecer mais moço do que é. À parte o ar inquieto de quem se acha empenhado numa campanha política, parece quase tão juvenil quanto os garotos do curso secundário que o rodeiam.
O seu português é tão claro e incisivo que compreendo todas as palavras. Num instante tomou todas as providências para um encontro com o Bispo Sales, a quem desejo ver. Chama um jovem do seu gabinete e diz-lhe que me leve ao comício daquela tarde, pois está atolado até o pescoço de compromissos.
José Augusto que foi destacado para servir-me de guia, é estudante de Direito. Ali mesmo em Natal aprendeu um inglês fluente. É muito moço para tê-lo aprendido com os americanos. O seu aspecto é tão jovem que não quero perguntar-lhe a idade. Tem planos de ingressar na carreira diplomática. Itamarati. Não o seu trabalho como secretário não lhe atrapalha os estudos. Ao contrário, dá prática. Gostaria de ir aos Estados Unidos para aperfeiçoar o seu inglês e ver as coisas.
Quase conseguia uma bolsa, mas alguma coisa falhou. O homem que se esforçava para ajudá-lo morreu. Gostaria de poder ir este ano. Para o ano, já será tarde. Ele estará estudando para entrar na diplomacia. Já tem as maneiras brandas de um diplomata, mas por trás disso sente-se uma personalidade forte. Sou capaz de apostar que esse jovem irá longe. ”
Adiante, John dos Passos fala sobre o comício de Aluízio que foi assistir na companhia de José Augusto Othon:
O comício foi interessante. Uma grande multidão enchia um cruzamento de ruas em forma de Y. Bandeiras verdes, sinais, cartazes, lemas de campanha. Foguetes sibilavam nos arredores da multidão para espocar no alto (…) os comícios brasileiros, especialmente nessa delirante campanha de 1962, nunca chegam ao fim. José Augusto diz que está na hora de jantar. Pouco a pouco o chofer consegue sair com o carro do meio da multidão.
A lua cheia se levantou sobre o Atlântico. Natal, com o seu casario cúbico destacando-se num fundo de baia e promontórios elevados, é bela de ver ao luar. Jantamos no clube dos oficiais da Aeronáutica, num terraço sobre uma enseada. ”
Foi nessa noitada na Rampa que o escritor John dos Passos conheceu o pintor Newton Navarro.
Livro Bela edição do livro “um Tempo de Arte”, de Selma Meira e Sá Bezerra, lançado ontem na Pinacoteca do Estado (Palácio Potengi). Organizado por Ângela Almeida e Maria Elza Bezerra Cirne, projeto gráfico de Rafael Sordi Campos.
Lá estão entrevistas com os artistas plásticos Zaíra Caldas, Dorian Gray, Aécio Emerenciano, Marlene Galvão, Túlio Fernandes, Thomé Filgueira, Leopoldo Nelson, Iaperi Araújo, Carlos José, Erasmo Andrade, Madé Weiner, Jomar Jackson, Eugênio Medeiros, Ítalo Andrade e Diniz Grilo.
Mais livro Destaque na coluna “Painel das Letras”, da Folha de S. Paulo: O livro “Como enfrentar o ódio”, do influenciador Felipe Neto, já é a maior pré-venda da história da Companhia das Letras, mesmo faltando quase dois meses para o lançamento na primeira semana de setembro. Foram comprados mais de 10 mil exemplares, superando o recorde anterior de “A Geração Ansiosa”, do psicólogo Jonathan Haidt, que chegou agora às livrarias.
Nordeste Deu na coluna de Ancelmo Gois, de O Globo: Nos dias 20 e 21 de julho, o Arpoador será palco de uma celebração da cultura nordestina. O “Festival do Nordeste” trará um encontro de forrozeiros, com apresentação de forró pé de serra, forró romântico e os clássicos do cancioneiro nordestino. O encontro tem entrada gratuita e vai das 10h às 21h, no Parque Garota de Ipanema.
Além da música, o festival contará com uma variedade de comidas típicas da gastronomia nordestina como baião de dois, carne de sol com macaxeira, pamonha, bolo de rolo e mais 30 delícias. Além disso, apresentação de quadrilha, exposições de artesanato, artes plásticas e literatura. ”
Barro Vermelho Mensagem da leitora Maria Cândida Lopes, moradora do Barro Vermelho: O bairro continua esquecido pelas esferas municipais, estaduais e federais. Para agravar o cenário, a noite é só escuridão. Andar por lá é um perigo mesmo. Falta agora consultar a ONU (Organização Nada Útil). Dá tempo.
Cultura Boa notícia: a Assembleia Legislativa aprovou esta semana projeto do Governo do Estado criando a Secretaria de Cultura. Foram 16 votos a favor e seis contra.
Tomara que dê certo. Tomara.
Chuva Poucas chuvas nesta terceira semana de julho, algumas mais concentradas no Litoral e Agreste. Nos sertões do Seridó e do Oeste, nada. Pelos números da Emparn, as melhores chuvas (do dia 15, segunda-feira, ao dia 19, sexta) foram nos municípios de Parnamirim, 24 milímetros, Vila Flor, 13, Nísia Floresta e São Gonçalo do Amarante, 12, Santa Cruz, 10, Monte Alegre, 7, Natal, Macaíba e Canguaretama, 5.
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