Política
Comunidade judaica potiguar lamenta morte do papa Francisco; ‘irmão para o povo judeu’

O Centro Israelita do Rio Grande do Norte (CIRN) divulgou uma nota de pesar nesta segunda-feira (21) lamentando a morte do papa Francisco, ocorrida na manhã de hoje, no Vaticano. Na nota, a instituição destaca o papel do pontífice como um líder espiritual que ultrapassou as fronteiras do catolicismo e se firmou como símbolo global de paz, dignidade humana e diálogo inter-religioso.
“A Sua trajetória tocou não apenas o mundo católico, mas também todas as tradições religiosas comprometidas com a dignidade humana, a paz e o diálogo”, diz o comunicado, assinado por Sarita Cesana, representante da comunidade judaica no estado.
O texto ressalta a postura firme do papa contra o antissemitismo e sua constante defesa das vítimas de preconceito e perseguições religiosas. Em fevereiro de 2024, Francisco dirigiu uma carta aos “irmãos e irmãs judeus em Israel”, na qual reafirmou que o antissemitismo é um “pecado contra Deus”. A comunidade também recorda que, na bênção de Páscoa de 2025, o papa voltou a denunciar o crescimento de atos antissemitas ao redor do mundo.
“Para o povo judeu, Francisco foi mais do que um aliado: foi um irmão”, afirma a nota. “Suas palavras não apenas confortam; elas reparam, iluminam e educam.”
A mensagem termina com um agradecimento pelo legado deixado pelo pontífice e um apelo para que seu exemplo continue a inspirar a construção de pontes entre diferentes tradições, especialmente em um mundo marcado pela intolerância e pela fragmentação.
Leia a íntegra da nota emitida:
“Nota de Solidariedade do Centro Israelita do Rio Grande do Norte – CIRN pela passagem de Sua Santidade, o Papa Francisco
O Centro Israelita do Rio Grande do Norte manifesta seu profundo pesar pelo falecimento de Sua Santidade, o Papa Francisco, líder espiritual cuja trajetória tocou não apenas o mundo católico, mas também todas as tradições religiosas comprometidas com a dignidade humana, a paz e o diálogo.
Durante seu pontificado, o Papa Francisco fez da escuta ativa, da aproximação inter-religiosa e da promoção da fraternidade entre os povos os pilares de uma liderança moral global. Sua voz não hesitou diante das dores do mundo contemporâneo e se posicionou com clareza diante de injustiças, perseguições e preconceitos.
Para o povo judeu, Francisco foi mais do que um aliado: foi um irmão. Em fevereiro de 2024, ao dirigir uma carta aos “irmãos e irmãs judeus em Israel”, reafirmou que o antissemitismo é um pecado contra Deus. Palavras como essas não apenas confortam; elas reparam, iluminam e educam. Ao recordar o “povo da aliança” e ao se solidarizar com judeus, cristãos e muçulmanos feridos pela dor da guerra, o Papa reiterou seu compromisso com a justiça e a paz, sem jamais confundir crítica política com preconceito religioso.
Mesmo em seus últimos dias, o Papa Francisco ainda encontrou forças para, na bênção de Páscoa de 2025, denunciar o crescimento preocupante do antissemitismo em diversas partes do mundo. Sua lucidez até o fim demonstra o senso de urgência com que enfrentava as chagas do ódio.
Em nome da comunidade judaica potiguar, agradecemos à memória de Francisco, ao seu exemplo, e à sua coragem. Que seu legado continue a inspirar pontes de entendimento, especialmente em tempos de intolerância e fragmentação.
Que sua memória seja bênção.
Sarita Cesana
Centro Israelita do Rio Grande do Norte (CIRN)