Política
“É necessário estimular a cidade, o estado a realizar grandes eventos”, afirma Rodrigo Cordeiro

Na próxima quarta-feira (30), o Sistema Tribuna promove no Hotel Barreira Roxa, em Natal, a 44ª edição do Motores do Desenvolvimento, com o tema Turismo de Eventos. O chamado turismo MICE (Meetings, Incentives, Conferences, and Exhibitions) tem um potencial gigantesco de alavancar o desenvolvimento de um destino em diversas camadas, conforme aponta o CEO da Nesty Digital e curador da plataforma Eventos Associativos Rodrigo Cordeiro, um dos palestrantes do Motores. “Acredito que é preciso haver a percepção da exata noção do quão transformador é uma cidade ou um estado se tornar um grande destino de eventos”, frisa Cordeiro em entrevista à TRIBUNA DO NORTE. Acompanhe:
O tema da 44ª edição do Motores do Desenvolvimento é o turismo de eventos, conhecido como MICE. Poderia explicar o que significa essa sigla?
É um mercado mais estruturado, que leva oportunidades de desenvolvimento em larga escala, que a gente chama de turismo de atacado. O M significa “meetings”, que são os eventos corporativos. O I, de “incentives”, é quando as empresas levam grupos para visitas e atividades em um determinado destino. O C (conferences), são os congressos e seminários. Já o E (Exhibitions) se refere a feiras de negócios. Portanto, são eventos que levam um fluxo de turistas muito grande. Essa é uma diferença importante do turismo tradicional. Quando o público do turismo MICE chega a uma cidade, a rede hoteleira e os bares e restaurantes ganham em diversas dimensões. Além disso, é um público que fica muito mais tempo no destino, gerando um impacto econômico muito maior. Então, quando o destino se propõe a virar um grande captador de eventos, ele passa a trabalhar no atacado, em parceria com promotores ou organizadores que podem levar um número de turistas enorme para a cidade e para o destino. Um ponto que será frisado na minha palestra é que a gente vê as secretarias de turismo muito conectadas em buscar o turista normal, mas nem sempre tão bem estruturadas para receber esse turista de eventos. Não há políticas claras de captação, de atração de eventos para a sociedade. Então, isso é um ponto de interrogação para o setor.
Isso seria um desafio para o mercado?
Acho que sim, mas eu não diria que a responsabilidade é somente do poder público. Acredito que é preciso haver a percepção da exata noção do quão transformador é uma cidade ou um estado se tornar um grande destino de eventos. Acho que as pessoas não percebem a importância disso, mas é uma verdadeira transformação, porque se você leva um tema para ser discutido em uma cidade [no caso de um congresso, por exemplo], você capacita mão de obra com muito mais profundidade. Acontece uma reciclagem de maneira muito mais evidente, aumenta-se o discernimento da sociedade que passa a um nível de informação maior com a circulação do evento e as discussões presentes na pauta.
Quais regiões no País se destacam hoje no turismo de eventos?
Uma pesquisa nossa [da plataforma Eventos Associativos] mostra uma maior tendência de realização de congressos em São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília e Campinas – estou falando aqui de destino dos próximos eventos, de 180 entidades associativas, em média. Dentre as cidades, uma não é capital. Campinas é interessante não somente por estar perto de São Paulo, mas também pelas possibilidades que tem no entorno – o agro, a tecnologia, a indústria. Então, a cidade apareceu como um elemento novo, porque não tinha, até então, esse perfil.
Como você vê o Rio Grande do Norte enquanto um destino para o turismo MICE e o que podemos aprender com as regiões que hoje já são destaque?
O Rio Grande do Norte tem um trabalho legal de captação de eventos, mas o que eu sinto é que, assim como a maioria dos estados brasileiros, faltam ações mais estruturantes para que os promotores de eventos entendam a importância de levar o evento para cada unidade da Federação. Uma pauta mais estruturada vai fazer com que o RN receba um número muito maior de eventos. Para isso, deve existir o trabalho do agente público, mas não só dele. A cadeia produtiva tem que trabalhar junto com o poder público para fomentar essas boas políticas e fazer com que elas aconteçam.
E como essa estruturação pode ocorrer de maneira efetiva?
Com uma política de captação onde os estados possam receber o evento, mas também participar ativamente dele. A gente teve uma experiência recente em Sergipe que mostra bem isso. Houve uma importante adesão, com a participação de 21 entidades, entre secretarias e instituições do governo, que lidavam com a temática do evento. Então, o estado vira um aglutinador, aumentando uma conectividade que às vezes mal é percebida. Mas hoje, o que ainda acontece muito é que se aproveita mal a realização dos eventos, com pouco engajamento do tema.
Qual a importância, então, de falar sobre turismo de eventos no Motores do Desenvolvimento?
Acho fundamental essa discussão, especialmente pelo fato de ela ser uma proposta também da Fecomércio e, claro, da TRIBUNA DO NORTE. Quando um veículo de mídia se engaja em um tema como esse, nasce a capacidade de propagar e ultrapassar as fronteiras do conhecimento e a gente consegue permear a sociedade com informações vitais. Para quem é empreendedor, eu digo: quanto mais o teu estado recebe [o turismo de eventos], mais você é beneficiado pelo fluxo de pessoas que podem comprar no teu negócio. Portanto, é necessário estimular a cidade, o estado a realizar grandes eventos, porque certamente o benefício fica para o próprio empreendedor.
Perfil
Rodrigo Cordeiro é CEO da Nesty Digital, empresa de organização de eventos especializada em dados e comunidades, com foco em associações, sociedades e sindicatos, e curador da plataforma Eventos Associativos. Durante a 44ª edição do Motores do Desenvolvimento, ele irá ministrar a palestra Turismo MICE como estratégia de aceleração da economia do destino”.
Cronograma
Data: 30 de abril
8h: Café da manhã de boas-vindas
8h30: Vídeo institucional Motores
8h40: Início da Cerimônia
8h45: Vídeo Fecomércio
8h50: Fala de Fernando Fernandes
9h00: Fala de Marcelo Queiroz
9h10: Painel 1 – Turismo MICE como estratégia de aceleração da economia do destino” – Rodrigo Cordeiro – CEO da Nesty Digital e curador da plataforma Eventos Associativos
9h40: Painel 2 – Impactos do Turismo MICE do Brasil e RN – Felipe Tavares – Economista – Chefe da CNC
10h10: Mesa Redonda
– Leonardo Vieira – diretor-geral do Centro de Convenções de Florianópolis e ex-presidente e fundador da Câmara Brasileira de Centro de Convenções, Pavilhões e Locais de Eventos da Ubrafe
– George Costa – Coordenador da CET Fecomércio RN e ex-diretor-presidente executivo do NCVB
11h00: perguntas
11h30: encerramento
Sobre
O Projeto “Os Motores do Desenvolvimento do Rio Grande do Norte” foi criado pelo Sistema Tribuna de Comunicação para apresentar uma série especial de seminários e suplementos com o objetivo de liderar um processo de discussão sobre os eixos do desenvolvimento da economia do RN, levando à sociedade informação de qualidade sobre o presente e perspectivas para o futuro. O público é formado por empresários, lideranças políticas e pesquisadores. Em 2024, o Motores teve duas edições: PPPs e Concessões e Agronegócio.