Política
Dia das Mães: no Acre, mais de 8 mil mulheres registraram filhos sem o nome do pai na certidão nos últimos 10 anos

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Em um cenário que revela a força, mas também a vulnerabilidade de muitas mães, dados da Central de Informações do Registro Civil (CRC Nacional) mostram que, no Acre, mais de 8 mil crianças foram registradas apenas com o nome da mãe nos últimos dez anos.
A estatística, atualizada pela Associação Nacional dos Registradores de Pessoas Naturais (Arpen-Brasil), revela uma realidade da maternidade solo que se repete todos os anos no estado.
Os números são ainda mais altos quando se consideram os últimos anos. De 2015 até o mês de maio de 2025, o Acre registrou 83.476 nascimentos. Desses, 8.793 foram realizados apenas com o nome da mãe no campo da filiação, representando pouco mais de 10% do total. Em muitos casos, o pai é ausente desde o nascimento; em outros, há recusa em reconhecer o filho.
Dados do IBGE apontam que o número de mães solo, aquelas que cuidam sozinhas de seus filhos, aumentou 17% na última década/ Foto: Reprodução
No ano de 2024, foram 14.193 nascimentos no estado, com 1.529 registros feitos sem a presença paterna. A capital Rio Branco concentra os maiores números: das 6.062 certidões emitidas no município, 560 foram registradas apenas em nome da mãe.
Cruzeiro do Sul aparece em seguida, com 361 casos entre 2.462 nascimentos. Municípios menores como Tarauacá (104), Feijó (72) e Brasiléia (40) também apresentam registros significativos de mães que assumem sozinhas a responsabilidade legal pelos filhos.

A capital Rio Branco concentra os maiores números de certidões sem nome do pai/ Foto: Ana Araújo
Nos primeiros meses de 2025, os números seguem a mesma tendência: de 5.038 nascimentos registrados até agora, 516 não contam com o nome do pai na certidão.
A Arpen-Brasil lançou recentemente a página “Pais Ausentes” em seu Portal da Transparência, reunindo dados nacionais e estaduais sobre registros feitos sem o nome do pai. O objetivo é dar visibilidade ao tema e estimular políticas públicas de apoio à mulher e à criança.
Segundo a legislação brasileira, quando o pai não estiver presente ou se recusar a realizar o registro, a mãe pode efetuar a certidão sozinha. Ela também pode informar o nome do suposto pai ao cartório, que encaminhará o caso para a Justiça, podendo iniciar um processo de investigação de paternidade.