Ao apresentar o ex-deputado estadual Jacó Jácome para companheiro de chapa no PSD, o ex-prefeito Carlos Eduardo Alves, que tentará voltar a gerir Natal depois de quase sete anos, deixou claro que não pretende “nacionalizar” a campanha eleitoral deste ano, mas discutir e apontar soluções para os problemas da cidade? “‘Lula e Bolsonaro não moram em Natal’, disse o ex-prefeito, depois de questionado sobre o seu posicionamento político em 2022, quando disputou a cadeira de senador com apoio do PT.

Para Carlos Eduardo, não é o presidente da República que resolve os problemas da cidade, no entanto, não deixou de atacar os principais adversários na campanha, que, na prática, começa a partir de 15 de agosto, data da abertura da propaganda eleitoral, propriamente dita, pelas ruas de Natal.

“Os nossos adversários são o PT e o acordão. O PT, como tenho dito, quer tudo, quer a Presidência da República, Governo do Estado e quer a Prefeitura de Natal. E, o outro adversário, simplesmente, fez um acordão, transformou a Prefeitura de Natal numa pizza, dividindo entre senadores, deputados estaduais, federais e vereadores, deixando o povo de Natal do lado de fora”, disse Alves, na manhã da quarta-feira (31), na sede do PSD, em Lagoa Nova.

Quanto a escolha de Jacó Jácome para vice-prefeito, em chapa a ser homologada em convenção na tarde deste sábado (3), Carlos Eduardo afirmou que se deveu a sua experiência como secretário da capital, e ter sido vereador que conheceu a sua gestão: “Depois da gente ouvir o partido e todos aqueles que estão participando desse processo, a escolha dele atendeu a uma perspectiva nossa. É um companheiro que vai me ajudar a administrar a cidade”. Mesmo tendo Carlos Eduardo declarado que não focará sua campanha em questões ideológicas, valores e costumes, Jacó Jácome que “vai defender valores cristãos e com foco na família”, como o fez na quando era deputado estadual.

“Tenho posições claras sobre ideologia de gênero, quando derrotei ela na Assembleia Legislativa, com posições claras em defesa do cumprimento da lei federal, que diz que as igrejas são imunes a impostos, inclusive, os católicos estão sendo cobrados indevidamente pelas prefeituras em várias cidades do estado, inclusive aqui em Natal”, disse Jácome.

O ex-deputado Jacó Jácome ainda disse da parceria que teve como o ex-prefeito: “Conheço a sua gestão porque fui vereador junto com a sua gestão de prefeito. Tivemos uma parceria e, quem diria, uma parceria que, dez anos atrás, hoje, dez anos depois, nos aproximaria de uma forma tão natural, tão limpa, sem imposição, sem forças ocultas”.

Jácome declarou, também, que a demora em se anunciar o nome para vice de Carlos Eduardo, “não é por falta de opção, é porque (o ex-prefeito) queria escolher a melhor opção”. No encontro do PSD estavam o residente estadual do Cidadania, ex-deputado estadual Wober Júnior, vereador Luciano Nascimento (PSD), ex-deputado Antônio Jácome, e de diversos pré-candidatos a vereador de outros partidos.

Coronel Azevedo falta ao lançamento da chapa

Ausência sentida no encontro do PSD, o deputado estadual Coronel Azevedo (PL) não deu nenhuma justificativa ao ex-prefeito Carlos Eduardo Alves, depois de defender o nome do ex-deputado estadual Jacó Jácome, filiado há oito anos ao PSD, como seu pré-candidato a vice-prefeito no primeiro turno das eleições municipais em Natal.

O deputado federal Sargento Gonçalves (PL), disse que essa resposta quem poderia dar era Azevedo, mas informou que foi o parlamentar estadual que o levou a conversar e apoiar Carlos Eduardo para prefeito, até como forma do segmento evangélico ter um representante, pela primeira vez, no Executivo Municipal.

O ex-vice-governador Antônio Jácome, que é pai do pré-candidato a vice, confirmou que Azevedo foi quem abriu negociações e convidou o filho a conversar com Alves. “Pelo que soube, (Coronel Azevedo) decide até sexta”, resumiu.

A expectativa é de que o deputado Coronel Azevedo confirme apoio à pré-candidatura do deputado federal Paulinho Freire (União Brasil) a prefeito de Natal, numa coligação apoiada po PP, PL, PSDB/Cidadania, Republicanos, Podemos, e Solidariedade, a ser oficializada na convenção na manhã deste dia 3.

Sargento Gonçalves justificou sua adesão ao projeto político, reforçando que é a oportunidade dos evangélicos terem em 100 anos um representante no Executivo, mas, sobretudo, “não termos o PT sentado na cadeira da Prefeitura fechando esse ‘tridente do mal’ [se referindo aos governos federal e estadual”.

O deputado Sargento Gonçalves destacou que não pediu nada em troca ou participação na gestão para apoiar Carlos Eduardo, a não ser poder participar na construção do plano de governo. “Eu tenho uma olhar muito especial pela segurança pública e nós não podemos tratar a segurança pública municipal como coadjuvante nesse processo. Temos trabalhado na Câmara Federal a PEC 57, que é municipalizar as polícias, ou seja, transformar as guardas municipais em polícias municipais, e foi um pedido especial que eu fiz a Carlos, ter esse olhar especial pelas forças de segurança pública municipal”.

Gonçalves disse que conversou com o secretario da Executiva Nacional do PL, senador Rogério Marinho, na terça-feira (30) e que não existe arestas em descumprir resolução do partido, que não tem candidato próprio na chapa majoritária. “Mesmo o PL tendo feito deputados estaduais, federais e senador, o nosso presidente estadual [senador licenciado Rogério Marinho] compreendeu que não tínhamos força para ter uma candidatura própria. Opinião que respeito, mas sempre discordei”, explicou Gonçalves.