Segundo plano: resultados ruins do América tornam o futebol atividade “menor” para a Arena das Dunas
Em 2013, quando Natal se preparava para sediar a Copa do Mundo de 2014, o então secretário da Secopa-RN, Demétrio Torres, afirmou que a Arena das Dunas seria um equipamento multiuso, capaz de receber diversos tipos de eventos e, eventualmente, partidas de futebol. O que, à época, chegou a soar como uma “gafe”, atualmente parece uma espécie de premonição, dada a eliminação precoce do América no Brasileirão.
Das 818 atividades realizadas na praça esportiva, o América, entre a data de fundação do novo espaço, até os dias atuais, participou de 216, o que corresponde a 26,72% do total de atividades. Este número aponta que a média anual de jogos do Alvirrubro na Arena das Dunas chega a 18 por temporada, um fato que corrobora a previsão do ex-secretário da Secopa-RN.
A queda do clube no dia 27 de julho para o Retrô fecha a temporada de competições nacionais em Natal, uma vez que o ABC disputa seus jogos no estádio Frasqueirão. O futebol pode voltar à Arena com a Segundona do Estadual, amistoso da Seleção Brasileira feminina, ou um possível jogo das Eliminatórias.
Já no caso da equipe alvirrubra são muitas dificuldades para manter uma campanha sólida em competições como o Campeonato Brasileiro. Tanto que passou mais tempo na Série D, que se trata de uma competição mais curta, que nas demais séries, o que vem afetando a sua parcela de participação dentro do universo de eventos sediados no espaço construído para receber a Copa de 2014. Foram 110 jogos ate aqui na Quarta Divisão nacional.
A grande verdade é que desde quando transferiu sua residência para Arena das Dunas, a equipe americana não vem conseguindo tirar o proveito desejado ao utilizar uma praça com padrão Fifa. E a principal deficiência está dentro das quatro linhas, onde os grupos formados não conseguem motivar a massa como o esperado.
Os números são impiedosos em mostrar que o clube está num grande débito com os seus torcedores, que quando convocados e motivados, costumam dar respostas fortes. Não é por acaso que o América detém os dois recordes de arrecadação e de público da praça esportiva, no período pós-Copa, em jogos contra o Flamengo (2014) e o Corinthians (2024), ambos pela Copa do Brasil.
O América, atolado na última divisão do futebol nacional, caminha para a oitava participação na Série D em 2025, evidenciando o abismo entre o potencial da Arena das Dunas e a realidade do clube. Depois de cair para quarta divisão em 2017, a equipe conseguiu sair apenas em 2023, quando ingressou na Série C como campeão da Série D, mas essa parada para recuperação de fôlego durou apenas uma temporada. De volta ao “lar indesejado” e com a recente eliminação, o clube iniciou outra contagem progressiva que o torcedor deseja ver encerrada o quanto antes. A última divisão do futebol nacional, apesar de um lar indesejado, tem sido a realidade desse clube na última década.
Levando em consideração que a equipe realizou apenas sete partidas pela competição nacional em Natal na atual temporada, a situação também confirma a “premonição” do ex-secretário da Secopa-RN, Demétrio Torres, sobre o uso esporádico do estádio para o futebol. Por possuir o Frasqueirão, são raras as vezes que o ABC recorre à Arena durante o ano, um local que o Alvinegro já está habituado a atuar apenas como visitante.
E assim, a Arena das Dunas, que nasceu para ser um símbolo do futebol potiguar, está se vendo privada de sua razão de existir, uma vez que, apesar de ser um equipamento multiuso, primordialmente ela foi projetada para abrigar partidas de futebol. Resta agora esperar que o futuro lhe reserve dias melhores, e que o futebol volte a reinar no gramado perfeito com o América conseguindo escalar as séries do futebol nacional e o equipamento servindo como palco na Copa do Mundo de futebol feminino, em 2027, que será sediada pelo Brasil. (Com colaboração do pesquisador Marcos Trindade)