Açude Itans, em Caicó, pode ser requalificado
O futuro do Açude Itans, localizado no município de Caicó, a 272 km de Natal, e a possibilidade de sua revitalização para oferecer novas utilidades à população serão os temas centrais de uma audiência pública que ocorrerá nesta sexta-feira (6), promovida pela Assembleia Legislativa do Estado. O debate será realizado no auditório do IFRN em Caicó, a partir das 14h.
Atualmente, o reservatório está praticamente seco, com apenas 0,45% de sua capacidade. De acordo com o Instituto de Gestão das Águas do Rio Grande do Norte (Igarn), se não chover para reabastecê-lo, o açude poderá secar completamente em janeiro. O debate, intitulado “Projeto SOS Itans: por uma revitalização desse nosso patrimônio”, é uma iniciativa do mandato do presidente da Frente Parlamentar das Águas na ALRN, deputado Francisco do PT. “Esse projeto, de autoria do professor doutor Carlos Eugênio de Faria, docente de Geografia no IFRN de Caicó, sugere novos usos ou o reuso do Itans para lazer, cultivo de hortaliças e pesca”, explicou o deputado.
A proposta busca conquistar o apoio popular por meio de mecanismos como um abaixo-assinado, além de mobilizar autoridades e instituições governamentais e não governamentais para promover ações de revitalização do reservatório. Há cerca de dez anos, o Açude Itans deixou de abastecer a cidade de Caicó. O projeto propõe que o açude seja reconhecido como um patrimônio histórico, cultural e socioeconômico, com seus objetivos iniciais sendo readequados.
O diretor técnico do Igarn, Procópio Lucena, afirmou que o reservatório já não possui potencial hidrológico para abastecer Caicó e que não transborda desde 2009. “Há 15 anos ele não verte, o que piora a qualidade da água devido ao acúmulo de detritos. Hoje, o açude está fora de cogitação para o abastecimento de Caicó”, declarou.
Atualmente, o município é 100% abastecido pela Adutora Manoel Torres, que capta água do Açude Coremas-Mãe d’Água, abastecido pelo rio Piranhas. Complementando o sistema, a Adutora Seridó utiliza a barragem de Oiticica. “Então, Caicó não depende mais do Itans e o Itans não serve mais para abastecer Caicó. A não ser que ele sangre um dia e a agência possa usá-lo de forma emergencial em algum momento”, destacou Lucena.
Assim, o destino do açude deve ser voltado para atividades como agricultura, piscicultura e pecuária, ou para o abastecimento da população no entorno. Contudo, reformas estruturais são necessárias. Lucena explicou que está sendo finalizado um plano de segurança e emergência para o Itans, considerando que a rodovia RN-118 passa sobre sua parede e que o açude está próximo a uma área urbana. “Essa parede tem sofrido com o peso das cargas, e essa situação já está sendo discutida com o Ministério Público. Estudos estão em andamento para retirar o trânsito dessa via e transformar a parede em uma área de lazer ou cultura”, disse.
Alinhado ao tema da audiência pública, ele reforça que o Igarn também vê potencial para que a área também abrigue projetos de agricultura irrigada e pecuária, beneficiando especialmente a agricultura familiar.