Ameaçadores olhos azuis – Tribuna do Norte

Ameaçadores olhos azuis – Tribuna do Norte
Publicado em 19/09/2024 às 0:04

Alex Medeiros
@alexmedeiros1959

(Para o chanceler José Maria Figueiredo)

A soma de boa lembrança e saudade, que gera minhas memórias afetivas, permite-me arriscar a afirmação de que o primeiro filme que assisti no saudoso Cine São José, nas Quintas, foi “Minha Vontade é a Lei”, um faroeste de 1959 baseado no romance “Warlock” lançado um ano antes. Meados de 1970, prestes a fazer 11 anos, foi uma emoção especial ver um filme do ano em que nasci, o que me fez interessar-se por outros quando estavam em cartaz.

Convenhamos que é uma bela estreia para um guri que dali poucos anos iria se apaixonar por cinema e TV. Aquele bang bang tinha simplesmente três monstros de Hollywood atuando juntos (eu saberia isso bem depois): Henry Fonda, Anthony Quinn e Richard Widmark. Na trama, a cidade de Warlock precisava de um xerife que botasse ordem, sem ter que fugir enxotado pelos bandidos ou ser assassinado. A situação iria alinhar os três grandes atores.

Widmark, o galego valente de olhos azuis, pertencia a um grupo de bandoleiros liderados por um rico fazendeiro, enquanto Fonda e Quinn eram dois habilidosos pistoleiros afeitos a aventuras, algumas nas mesas de baralho.

Os dois amigos aceitam defender a cidadezinha, enquanto o outro ficou contra a bandidagem do seu grupo e virou comissário da lei. Impossível não torcer pela união do trio e não sacolejar nas cadeiras gritando e assoviando pra tela.

Os anos foram passando e aquele estereótipo de bandoleiro impávido ou de mocinho carrancudo e destemido se multiplicou nas telas dos cinemas e na programação da TV, onde a figura de Richard Widmark emitia sua fulguração.

Nas toneladas e quilômetros de material midiático produzido ao longo das décadas em que ele atuou, sobrou muito espaço para destacar a dimensão do ator que ele foi, espaço muito mal preenchido por gente bem menor que ele.

Em que pese ter estreado na indústria cinematográfica com mais de 30 anos, num melodrama de 1947, é por mais consagrador ter atuado anteriormente no rádio e no teatro sob a direção de duas lendas: Orson Welles e Elia Kazan.

Alguns da sua época conseguiram brilhar mais que ele; mas nenhum teve força vocacional superior ou um talento tão particular para enriquecer personagens investidos de crueldade gélida, espírito vingativo e violência improvisada.

Aliás, na sua estreia, fez um gangster sem escrúpulos que provocou reações indignadas em espectadores mais sensíveis. Na cena mais marcante, o loirinho de olhos azuis e rosto anêmico empurrou uma idosa numa cadeira de rodas.

Fosse nos dias atuais, sua fala seria mais grave que o empurrão. Ele diz enquanto a senhora cai: “As mulheres não são boas se você quer se divertir”. Imaginem isso dito num misto de ameaça e de humor ácido oitenta anos atrás.

Nas tantas vezes que o vi e revi, principalmente na TV, era confortável saber que nascera no ano do meu pai, 1914. Era de Minnesota, onde também nasceram grandes talentos como Bob Dylan, Judy Garland e Jessica Lange.

Daqui a pouco tempo será data dos 110 anos de seu nascimento e se faltar homenagens no tamanho dele, é certo que em Sunrise, sua cidade natal, ele será lembrado como um filho especial que marcou o universo do cinema.

O menininho que aos 4 anos virou fã de Boris Karloff e quando jovem entrou no exército, se tornou estudante de Direito e finalmente ator, morreu aos 93 anos em 2008. Fez papel de tudo e nunca mais ninguém repetiu como ele os facínoras, os gangsters e os assassinos disfarçados por trás daqueles olhos azuis.

O X abriu
A notícia correu o país pelas redes: o X de Elon Musk estava sendo acessado normalmente, ontem, sem a necessidade do serviço VPN. No fim da manhã veio a informação do STF de que foi uma instabilidade no sistema do bloqueio.

Coincidência
Foi curioso que no mesmo momento estava sendo propagada nas redes uma manchete do jornal The New York Post sobre um posicionamento na Casa Branca e do Congresso condenando o ato de censura do STF à rede social X.

Repercussão
Os milhares de usuários brasileiros que conseguiram acessar o X sem VPN logo conseguiram emplacar o nome de Alexandre de Moraes como principal assunto nos trending topics durante várias horas da manhã da quarta-feira.

Governadorável
Candidatos e lideranças ligados ao senador Styvenson Valentim já não escondem que o apoio que recebem será devidamente retribuído na eleição estadual de 2026. E dizem naturalmente que o senador disputará o governo.

Pesquisas
Os institutos de pesquisa no RN proliferaram na mesma velocidade das bets e das farmácias. O jornalista Washington Rodrigues se deu ao trabalho de contar e divulgou em seu blog que 34 aferições foram feitas em Natal só este ano.

Invisíveis
Na estreia do seu podcast no YouTube, o administrador de empresa Renato Cunha Lima esmiuçou um universo eleitoral invisível ao alcance das pesquisas. Quase 90 mil eleitores de Natal residem nas cidades da região metropolitana.

Partidos
Quantos olhos tem a justiça eleitoral na fiscalização do cumprimento das suas regras? Pelo que consta na Lei os candidatos são obrigados a identificar a legenda partidária, mas muitos não o fazem na propaganda das redes sociais.

Gêmeos
Dia bom para conversas sérias ou amenas com um parente próximo, principalmente o pai. Um papo sobre vida pessoal ou coisas domésticas. É um dia com astral de sobriedade pairando em você, gerando resultados práticos.

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