“Aprendi a ser pai com ele”: Padrasto e enteado celebram o Dia dos Pais
Em um mundo onde a palavra “pai” carrega diferentes significados, a relação de Elisérgio Ferreira, de 47 anos, e Kaio Manoel Lima, de 22, destaca um exemplo de como o laço entre pai e filho, ou padrasto e enteado, pode transcender o fator sanguíneo.
A relação deles iniciou em 2005, quando Elisérgio começou a se relacionar com a mãe do Kaio, que, na época, era uma criança de três anos. À FolhaBV, ele afirmou que, no início, não queria ter filhos e nem casar tão cedo, mas com o tempo “levou uma rasteira do destino”.
“Eu fiquei um pouco assustado com o Kaio no começo, porque sabia que teria que ser como um pai para ele. Passamos a conviver mais e logo veio o sentimento de amor por ele. Teve um dia em que eu, o Kaio e a mãe dele estávamos sentados na mesa e eu disse que ela tinha me dado um filho. O Kaio perguntou quem era e eu disse que era ele. Desde então, ele começou a me ver como um pai e estamos assim há quase 20 anos”, relembrou Elisérgio.
Para o estudante Kaio, a chegada do padrasto na vida dele ocorreu de forma natural e as primeiras lembranças que tem são de momentos divertidos dos dois juntos. Segundo ele, não houve uma situação específica que marcou a transição de “parceiro da minha mãe” para alguém importante na vida dele, pois sempre se sentiu cuidado pelo Elisérgio.
“Quando eu era bem menor, minha mãe costumava trabalhar durante a noite em uma pizzaria e eu ficava com ele em casa. Lembro que a gente assistia a filmes juntos e comia besteira até a hora de ela chegar. Ele sempre cuidou de mim e, desde sempre, tenta me proporcionar o melhor, como educação, alimentação e lições de vida. Senti que nós tínhamos uma relação muito boa, tanto que o chamo de pai”, disse Kaio.
Ao longo dos anos, a família de Elisérgio aumentou e, hoje, ele tem mais duas filhas com a mãe de Kaio. Antes da chegada delas, o empresário ouvia de um amigo que, quando tivesse filhos biológicos, seria uma experiêcia diferente. Entretanto, depois de ter vivido isso, ele discorda do amigo e enfatiza que “o sentimento de amor é o mesmo”.
“O Kaio me ajudou muito a quebrar esse paradigma. Através dele, eu pude passar um amor maior para as minhas filhas, tudo começou com ele. Aprendi a ser pai com ele. A gente não tem essa relação de padrasto e enteado. O Kaio é meu filho e eu sou o pai dele”, destacou o empresário.
Hoje em dia, os dois compartilham uma relação tranquila e de muita parceira, de acordo com o Kaio. Além disso, ele afirma que parte dos interesses pessoais do padrasto refletem na personalidade do jovem, como o gosto musical e por filmes marcantes, como as franquias de Star Wars, Senhor dos Anéis e O Poderoso Chefão. “Quando se é criança, você tende a copiar os gostos dos pais e os dele acabaram ficando em mim até hoje”.
Padrasto e pai biológico também podem ser amigos
Além do exemplo de relação entre padrasto e enteado, Elisérgio mostra que também é possível ser amigo do pai biológico do filho, mesmo que tenha sido há muito tempo antes. Acontece que ele e o pai de Kaio eram vizinhos e amigos de infância nos anos 1980.
“Eu tenho fotos com ele nos anivérsários dos meus irmãos e a gente só descobriu isso depois. É muito interressante como acontece a vida. Nos cruzamos no passado e depois nos cruzamos de novo, mas de um jeito diferente, porque eu criei o filho dele. Inclusive, ele me agradeceu por ter criado bem o filho de nós dois”, comentou.