Candidatos a vereador do MDB trocam Natália por Carlos Eduardo
Com aval da Executiva Municipal do MDB, os 30 candidatos a vereador do partido estão liberados para apoiar qualquer candidato a prefeito de Natal, já a partir do primeiro turno das eleições municipais em 6 de outubro.
A resolução 03/2024 datada da quarta-feira (18), provocou dispersão de concorrentes à Câmara Municipal que apoiavam a candidatura majoritária da coligação “Natal merece mais” (Federação Brasil da Esperança – PT/PC do B/PV) e PDT/ MDB/ PSB), deputada federal Natália Bonavides (PT).
O primeiro candidato ao pleito proporcional a debandar da candidatura petista, na reta final desta campanha eleitoral, é o presidente do Diretório Municipal do MDB, ex-vereador Júlio Protásio, que passou a defender a candidatura majoritária do ex-prefeito Carlos Eduardo Alves., da coligação “Natal nosso amor” (PSD/ DC).
Júlio Protásio recebeu o candidato a prefeito do PSD no lançamento de sua campanha a vereador, na noite de quinta-feira (19), no Clube Albatroz, em Petrópolis, ao lado de outros quatro candidatos a vereador do MDB – Araken Farias, Jonilson Júnior, Nilton Lima e pastor Sebastião José Ângelo.
“Eu tenho uma história vocacionada na política, não estou aqui por poder, não estou aqui por cargo ou por influência política”, dizia Protásio, mas por ter uma carreira política iniciada nas fileiras acadêmicas e passado três vezes na Câmara Municipal, assim como coordenador de campanha, por duas vezes, de sua mulher e vereadora Ana Paula Araújo, que atualmente é a única representante do MDB no legislativo natalense.
Protásio agradeceu, inclusive em postagem nas redes sociais, apoios do ex-prefeito de Nata, a vice-prefeita Aila Cortez, bem como ao ex-deputado estadual Jacó Jácome, que é companheiro de chapa de Carlos Eduardo, e do presidente municipal do Cidadania, ex-deputado estadual Wober Júnior.
O candidato a vereador Araken Farias explicou que a maioria dos candidatos a vereador está deixando de apoiar Natália Bonavides por falta de compromisso político da chapa majoritária, inclusive em relação a apoio à infraestrutura para a campanha proporcional. “O MDB foi enganado pela petista que apenas queria usar o tempo de televisão do partido e para isso fez falsas promessas aos candidatos”, declarou.
Farias disse, ainda, que “ter sido perseguido pela candidata Natália, por não apoiá-la e não aceitar que a sua propaganda eleitoral fosse vinculada com a imagem da candidata”.
Diante disso a sua propaganda não foi exibida na televisão e no rádio nas primeiras duas semanas de setembro: “Só depois de 15 dias sem a propaganda e muita discussão é que a produtora ligada a Natália Bonavides colocou minha propaganda na grade para ser veiculada no horário eleitoral”.
Agora com a liberação da Executiva do partido, Farias disse que passou a apoiar o candidato de sua escolha. “Decidi apoiar o candidato Carlos Eduardo para prefeito de Natal. Desde o início, fui contrário a coligação que apoiava a candidata Natália Bonavides”.
Farias também fez questão de dizer que o presidente Júlio Protásio, “empenhou-se totalmente para manter a nominata unida”, mas diante das promessas da candidata petista, que “não cumpriu nenhuma sequer”, os candidatos pediram uma solução à Executiva. “A solução encontrada foi essa, liberar os candidatos para apoiar quem eles quisessem”, completou.
O candidato vereador emedebista Jonilson Júnior explicou que a chapa de vereadores “é plural” e desde as convenções em agosto, “já havia essa possibilidade de cada candidato a vereador tomar o seu caminho”.
Jonilson Júnior disse que existe uma tendência de apoiar Carlos Eduardo, mas não tem nada decidido, assim como já ouviu de outros candidatos que tendem apoiar o candidata a prefeito do Avante, ex-deputado federal Rafael Motta, e outros permanecerem com Bonavides.
“Depois da convenção houve um direcionamento mais voltado para apoiar a deputada Natália Bonavides, porém, com o passar do tempo não houve uma aproximação, e como existia já um grupo que tendia a não apoiar, acabou que isso ficou muito solto, e aí houve um pedido de alguns candidatos a vereador que terminou com essa decisão de liberar apoios na majoritária”, disse Jonilson Jr, para quem a campanha proporcional com 434 candidatos “é muita dura e todo mundo procura se aproximar de alguém que possa contribuir no sentido de trazer votos”.
A resolução
A autorização de declaração de voto para candidatos filiados ao MDB em Natal, é assinadas por cinco membros da Executiva Municipal, a começar do seu presidente Júlio Protásio Silva.
Também assinam o documento a tesoureira e vereadora Ana Paula Araújo e os membros Kátia Pereira da Silva, Araken Barbosa de Farias Filho e Jonilson Carvalho de Oliveira Júnior.
A resolução autoriza os candidatos a vereador a apoiarem qualquer candidato a prefeito, “mesmo que não integrem a coligação no qual o MDB esteja formalmente coligado, sem que haja aplicação de sanções disciplinares ou medidas restritivas previstas no estatuto partidário”.
O documento “assegura a liberdade de escolha dos filiados, respeitando a unidade e autonomia dos candidatos, promovendo a coesão e a democracia interna do partido”.
Dissidência
A aliança entre o MDB e o PT no Rio Grande do Norte foi importante para as eleições estaduais em 2022, que contou, inclusive, com apelo do então candidado e atual presidente Lula.
O PT acabou avalizando para companheiro da governadora Fátima Bezerra o atual vice-governador Walter Alves, que, como presidente estadual do MDB, foi procurado pela TRIBUNA DO NORTE, por intermédio de sua assessoria de imprensa, mas não se pronunciou sobre a dissidência do partido em Natal em relação ao apoio à candidatura da deputada petista para a Prefeitura.
Às vésperas do período das convenções, em julho, o MDB chegou a cogitar a indicação do vice de Natália Bonavides, que acabou optando por um candidato com base eleitoral na Zona Norte de Natal, o vereador Milklei Leite (PV).
Presidente estadual do MDB, Walter Alves disse que o fato do partido não indicar candidatos majoritários em Natal, Mossoró e Parnamirim, maiores colégios eleitorais, apoiando candidatos de outros partidos, “era estratégia política pensando no futuro”.