Confira novas diretrizes para a prevenção de AVC

Confira novas diretrizes para a prevenção de AVC
Publicado em 26/10/2024 às 18:18

O aumento das taxas de acidente vascular cerebral (AVC) é uma preocupação crescente em todo o mundo, onde mais de meio milhão de pessoas sofrem um primeiro episódio todos os anos. No Brasil, os números também são alarmantes: em 2021, o país registrou 239 mil novos casos e 126 mil mortes pela doença. Mesmo com esse cenário, até 80% dos AVCs poderiam ser evitados, de acordo com a American Stroke Association, que lançou, nesta semana, a primeira atualização de suas diretrizes sobre o tema em uma década.

A nova “Diretriz 2024 para a Prevenção Primária de AVC”, publicada na revista médica Stroke, enfatiza a necessidade de identificar e controlar fatores de risco, especialmente em populações vulneráveis, como as mulheres. Segundo a presidente do comitê que redigiu o documento, Cheryl D. Bushnell, a melhor maneira de reduzir a incidência de derrames e óbitos é justamente evitar o primeiro derrame — um conceito conhecido como “prevenção primária”.

Mulheres
As diretrizes de 2024 trazem um enfoque inédito nas mulheres, listando fatores específicos que aumentam as chances de um AVC, ainda que muitos sejam incontroláveis. Para fins de monitoramento e prevenção, a American Stroke Association destaca condições como pré-eclâmpsia (hipertensão durante a gravidez), complicações gestacionais (incluindo partos prematuros), endometriose e o uso de anticoncepcionais orais. Além disso, mulheres com menopausa precoce (antes dos 45 anos), falência ovariana antes dos 40 anos e sintomas graves durante a menopausa também estão em maior risco, assim como aquelas que utilizam terapia de reposição hormonal (TRH) com estrogênio após os 60 anos.

As diretrizes ainda incluem, pela primeira vez, orientações para mulheres transgênero e indivíduos de gênero diverso, recomendando atenção a quem faz uso de estrogênio para afirmação de gênero.
Para a população em geral, a American Stroke Association destaca oito comportamentos que influenciam a saúde cardiovascular e, se negligenciados, elevam o risco de AVC. São eles: alimentação inadequada, tabagismo, sedentarismo, excesso de peso, sono irregular, colesterol alto, pressão alta e altos níveis de açúcar no sangue.

As recomendações incluem uma dieta ao estilo mediterrâneo, rica em frutas, vegetais, grãos integrais, azeite de oliva e com baixo consumo de laticínios, carnes e açúcares. Além disso, a associação orienta que adultos pratiquem ao menos 150 minutos de atividade física moderada ou 75 minutos de exercícios vigorosos semanalmente, mantenham uma rotina de sono de qualidade, evitem o cigarro e monitorem frequentemente os níveis de colesterol, glicose e pressão arterial para garantir que estejam em faixas saudáveis.

Prevenção
O documento também enfatiza a necessidade de uma avaliação de risco precoce e regular, pois o diagnóstico preciso auxilia na escolha de tratamentos preventivos eficazes. Uma das inovações mencionadas são medicamentos como os agonistas GLP-1, que, além de auxiliar no controle do diabetes, podem reduzir as chances de AVC em pessoas com alto risco de doença cardíaca.
Conhecer os sinais de alerta de um acidente vascular cerebral também é uma das principais armas para reduzir o impacto da condição. O cardiologista Agnaldo Piscopo sugere um teste simples chamado SAMU: sorrir, abraçar e cantar uma música. Caso a pessoa apresente dificuldades para realizar um desses gestos — como sorrir com simetria, manter o braço levantado ou articular as palavras de uma canção —, há 72% de chance de que esteja sofrendo um AVC, recomendando-se ligar imediatamente para o serviço de emergência.

Demência
Bushnell destaca que a aplicação dessas recomendações reduz não apenas o risco de um primeiro AVC, mas também contribui para a prevenção de outros problemas neurológicos. “As estratégias que promovemos para evitar o derrame também ajudam a mitigar o risco de demência, que compartilha muitos dos mesmos fatores de risco, como hipertensão e colesterol alto”, explica.
Dessa forma, a nova diretriz amplia a visão sobre o AVC, incentivando um acompanhamento proativo da saúde cardiovascular para reduzir as taxas de uma das doenças mais incapacitantes e letais na população. É necessário prevenir e cuidar.