Dragão-de-komodo têm dentes com pontas de ferro, revela novo estudo
Dragões-de-komodo, a maior espécie de lagarto do mundo, têm dentes com pontas de ferro que os ajudam a rasgar suas presas, de acordo com uma nova pesquisa.
O metal está concentrado na borda cortante e nas pontas de seus dentes curvos e serrilhados, tingindo-os de laranja, escreveram os cientistas em um artigo publicado na quarta-feira (24) na revista Nature Ecology & Evolution.
Os dragões-de-komodo são nativos da Indonésia e pesam cerca de 80 quilos em média. Eles comem quase qualquer tipo de carne e são conhecidos como predadores mortais.
Uma equipe de pesquisadores liderada por Aaron LeBlanc, um professor de biociências dentárias no King’s College London, analisou os dentes do dragão-de-komodo usando imagens avançadas e análise química, de acordo com um comunicado da universidade.
Eles descobriram que o ferro está concentrado em um revestimento fino que atua como uma camada protetora que os mantém afiados, disse LeBlanc à CNN na quarta-feira.
“Se eles não tivessem esse revestimento de ferro, tenho certeza de que o esmalte nas bordas cortantes se desgastaria muito rapidamente e o dente ficaria cego”, disse ele.
“Isso não é muito bom para um animal que depende de ter esses dentes afiados como lâminas de barbear para cortar carne.”
LeBlanc disse que ficou surpreso ao encontrar ferro, já que o metal normalmente está associado aos dentes mais complexos dos mamíferos, como castores e ratos, em vez de répteis, que tendem a ter dentes mais simples.
“Eu vi isso muitas vezes antes de realmente acreditar”, disse ele. “Nas primeiras vezes que vi, pensei que era uma mancha causada pela alimentação.”
“Parece que alguém pegou uma caneta laranja ou um pincel fino e pintou a ponta das bordas cortantes de laranja”, acrescentou.
LeBlanc analisou dentes de coleções de museus, bem como de um dragão-de-komodo chamado Ganus, que viveu no Zoológico de Londres até ser sacrificado no ano passado.
Ter uma amostra mais fresca de um animal mantido em zoológico foi interessante porque a mandíbula inteira, incluindo o tecido gengival, ainda estava intacta, explicou LeBlanc.
A análise mostrou que o ferro já estava presente quando os dentes surgiram do tecido gengival e também estava presente, apesar de Ganus ter uma dieta muito diferente dos dragões-de-komodo selvagens, acrescentou.
As descobertas podem nos ajudar a entender como os dinossauros carnívoros, que tinham dentes curvos e serrilhados semelhantes aos dos dragões-de-komodo, matavam e comiam suas presas, disse LeBlanc.
No entanto, neste estágio, não foi possível determinar se os dentes dos dinossauros tinham altos níveis de ferro, porque o metal é muito comum e infiltra-se nos fósseis ao longo do tempo, acrescentou.
A próxima tarefa é analisar os dentes fossilizados de lagartos-monitores e procurar marcadores alternativos que possam nos ajudar a entender a composição dos dentes fossilizados, disse ele.
Benjamin Tapley, Curador de Répteis e Anfíbios da Sociedade Zoológica de Londres e coautor do estudo, disse no comunicado que os dragões-de-komodo são “incontestavelmente impressionantes”.
“Os dragões-de-komodo estão infelizmente ameaçados de extinção, então, além de fortalecer nosso entendimento de como os icônicos dinossauros podem ter vivido, essa descoberta também nos ajuda a construir um entendimento mais profundo desses répteis incríveis enquanto trabalhamos para protegê-los”, disse ele.
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