Em greve, servidores de escolas municipais fecham rua e protestam em frente à Câmara de Rio Branco

Em greve, servidores de escolas municipais fecham rua e protestam em frente à Câmara de Rio Branco
Publicado em 27/05/2025 às 17:09

Categoria reivindica reajuste do piso do magistério, auxílio alimentação e saúde de R$ 1 mil, dentre outros direitos. Greve iniciou na última quinta-feira (22) e já dura quase uma semana em Rio Branco

Educação municipal protesta em frente à Câmara Municipal de Rio Branco nesta terça-feira (27). Foto: Aline Pontes/Rede Amazônica

Mais um protesto marca o período grevista dos servidores da Secretaria de Educação de Rio Branco (Seme) na manhã desta terça-feira (27). A manifestação, que ocorre quase uma semana após o início da greve, fechou a Rua Hugo Carneiro, no bairro Bosque, local onde funciona a Câmara Municipal da capital. Das 94 escolas municipais, mais de 70 estão de greve.

Em entrevista ao Jornal do Acre 1ª edição (JAC1), o secretário de Educação, Alysson Bestene, mencionou a instituição de uma comissão de negociação para ouvir as reivindicações da categoria. No entanto, comentou que há uma proposta de uma reforma da previdência municipal e que é necessário um prazo para analisar os números.

“Precisamos cumprir essas etapas para ter um percentual a apresentar. Quando ele [prefeito Tião Bocalom] tiver os números exatos, aí sim, podemos falar de uma proposta concreta a apresentar aos trabalhadores. Diante dessa situação, vamos construir algo futuro de forma concreta. A gente espera que a categoria entenda esse prazo”, disse.

A informação também foi confirmada pelo líder do Executivo municipal, Rutênio Sá (União), que concedeu entrevista na Câmara e que disse que há uma comissão que está fazendo o procedimento de diálogo com as categorias municipais no geral.

“Existe uma comissão dialogando com várias categorias de várias secretarias […] então está havendo uma conversa. No decorrer de junho isso será bem discutido. Mas existe uma proposta de reforma da previdência municipal, e existe uma interdependência com as datas-bases dos servidores. Então, temos que aguardar a proposta que deve chegar antes do recesso”, falou Rutênio Sá, líder do governo na Câmara.

Ainda nesta terça, os vereadores abriram o parlamento mirim para receber os representantes e ouvir as reivindicações da categoria. Em meio à entrevista, inclusive, o parlamentar da base do prefeito Tião Bocalom (PL) disse que o movimento pode estar atrelado à uma possível eleição no Sinteac, que deve ocorrer nas próximas semanas.

“A greve da educação é legítima mas existe uma eleição no sindicato nos próximos 20 dias, e que vai ser disputadíssima, no qual a presidente atual vai concorrer. Então eu não sei se até que ponto esse movimento grevista está atrelado a essa eleição também”, complementou.

Em resposta ao vereador, a atual presidente do Sinteac, Rosana Nascimento, disse que o movimento não é politizado e negou que esteja usando do espaço como objeto de campanha.

“Quem delibera greve não é a professora Rosana Nascimento, é a categoria que está cansada porque são dois anos de enrolação. E independente de greve ou não, em nenhum momento eu falei que iria ter eleição [durante a] greve, não pedi voto à categoria […] vereador, fale só a verdade. Eu nunca fiz politicagem no sindicato, não sou eu quem faz greve, o meu papel como presidente é encaminhar. O senhor acha que a gente faz greve porque gosta?”, retrucou.

Rua onde funciona a Câmara Municipal de Rio Branco foi fechada por conta do protesto nesta terça-feira (27) — Foto: Aline Pontes/Rede Amazônica

Movimento grevista

Segundo o Sinteac, a greve é por tempo indeterminado e o intuito do protesto é de pedir que os parlamentarem escutem as reivindicações da categoria. As pautas são:

  1. Reposição do índice de reajuste do piso do magistério e do índice inflacionário para professores e funcionários;
  2. Auxílio alimentação e saúde de R$ 1 mil;
  3. Cumprimento da hora atividade dos professores;
  4. Reajuste nas gratificações da equipe gestora.

Na última semana, funcionários de 80 escolas participaram de uma assembleia deliberativa durante o protesto e decidiram entrar em greve a partir da última quinta (22).

Conforme o sindicato, a categoria decidiu deliberar pela greve no dia paracumprir o prazo de 72h de advertência, previsto em lei, à gestão municipal.

Vereadores de Rio Branco recebem representantes da Educação para ouvirem as reivindicações da categoria. Foto: Aline Pontes/Rede Amazônica

No dia 16 deste mês, os servidores voltaram a protestar por reajuste salarial e melhorias trabalhistas no Centro da capital acreana. As aulas e atividades foram suspensas em diversas escolas por conta do ato.

A presidente do Sinteac disse que representantes da prefeitura chegaram a propor que iriam instalar uma comissão de negociação e fazer um relatório orçamentário para apresentar aos manifestantes. Em troca, surgeriram que a paralisação das atividades ocorresse apenas na segunda quinzena de junho.

Os protestos e indicativos de greve iniciaram no dia 6 de maio. Servidores da Seme fizeram um protesto também em frente à prefeitura e cobraram reajuste salarial. Na época, a categoria decidiu que iria se reunir novamente em outra data para decidir se paralisava ou não as atividades.

Criação de comissão

Na edição da última segunda-feira (27) do Diário Oficial do Estado (DOE), foi instituída a Comissão Especial de Negociação com Entidades Sindicais e Classistas, ‘com a finalidade de promover o diálogo, a escuta e a negociação coletiva entre o Poder Executivo e os sindicatos representativos dos servidores públicos da administração direta, autárquica e fundacional’.

Dentre os membros, destacam-se o vice-prefeito Alysson Bestene, que também é secretário municipal de Educação. Na comissão, ele é o coordenador-geral adjunto.

“A Comissão Especial de Negociação com Entidades Sindicais e Classistas deverá e apresentar ao Chefe do Poder o relatório circunstanciado contendo as reivindicações recebidas; a síntese das tratativas realizadas; e as propostas de encaminhamento ou soluções técnicas e administrativas compatíveis com o interesse público”, destaca o artigo 4º.

Já com relação às funções mais específicas desta comissão, incluem:

  • atuação como instância permanente de negociação e mediação com as entidades sindicais;
  • análise, discussão e encaminhamento de proposições relativas a pautas reivindicatórias dos servidores;
  • proposição de soluções negociadas para conflitos trabalhistas no âmbito da Administração Pública;
  • acompanhamento, fiscalização e publicidade ao cumprimento dos acordos firmados.