Grito dos Excluídos e Excluídas: Movimentos sociais do Acre vão às ruas de Rio Branco

Grito dos Excluídos e Excluídas: Movimentos sociais do Acre vão às ruas de Rio Branco
Publicado em 06/09/2024 às 22:12

Articulado por movimentos populares, entidades representativas da classe trabalhadora e com apoio das pastorais sociais da igreja católica, o Grito dos Excluídos e Excluídas chega em 2024 à sua 30ª edição.

Em Rio Branco, a programação ocorrerá no sábado, 7 de setembro, com concentração a partir das 8h da manhã, na Praça dos Tocos, em frente à Catedral. Em seguida, haverá uma caminhada pelas ruas do Centro até o Palácio Rio Branco.

Mesmo  com a fumaça na capital, a organização também preparou uma ação que aconteceu no último dia 5 de setembro, Dia da Amazônia, às 8h, na Praça da Revolução, cujo objetivo foi realizar reivindicações em prol da Justiça Social. 

Todos os anos o movimento possui o tema “Vida em Primeiro Lugar”, porém, desta vez a ação provoca a sociedade a pensar no lema “Todas as formas de vida importam. Mas quem se importa?”.

As reflexões de preparação passam por temáticas específicas que auxiliam a memória de 30 anos de lutas e manifestações, a necessidade de políticas públicas que se tornaram ainda mais urgentes a partir da aprovação de cortes de recursos do Estado que interferem diretamente sobre o Sistema Público de Saúde, Educação e Segurança Públicas, Transporte Público e Cultura.

Aurinete Brasil, assessora Regional da Cáritas Brasileira e do Serviço Pastoral dos Migrantes na Diocese de Rio Branco, relatou À GAZETA sobre a importância de uma ação como essa para a cidade de Rio Branco. 

“Esse ato é importante  justamente ser a voz das populações mais carentes e que não têm voz. Por isso, a Igreja Católica se junta aos movimentos sociais para esse ato de denúncia das injustiças, como a falta de alimentação digna, moradia, trabalho e por uma sociedade menos preconceituosa e mais fraterna, na distribuição do pão na mesa e na partilha com os mais sofrido”, diz.

Ainda a respeito do movimento, Aurinete conta sobre os desafios de realizar uma ação como essa.

“Há desafios desde a estrutura de um momento tão significativo até as diversas interpretações das pessoas que não compreendem e não comungam com o ato. Porém, contamos com os apoios dos movimentos sociais e estudantis, a estrutura e apoio da Igreja local (no caso a Diocese de Rio Branco) para a efetivação do ato”.

Segundo ela, o objeto do Grito dos Excluídos é levar para as ruas de todo o Brasil, as bandeiras de luta contra a xenofobia, todo tipo de preconceito e discriminação racial, de gênero, de degradação da terra e de todas os seres vivos, a fauna, a flora e todo o ambiente. “A nossa Casa Comum, tão lembrada na Encíclica Laudato Si, onde o Papa nos pede o cuidado com a Mãe Terra”, complementa.

Na Amazônia acreana 

O Acre tem vivido momentos extremamente delicados, o período de seca ligado às intensas queimadas tem causado um cenário horrível e uma qualidade de ar extremamente prejudicial.

É impossível ignorar a ação criminosa de quem comete queimadas em um lugar onde a qualidade de vida da população depende da floresta preservada. Segundo o programa de monitoramento de queimadas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), o Acre concentrou 995 focos de queimadas entre os dias 25 de agosto e 02 de setembro. Esse atentado contra a vida coloca a qualidade do ar em níveis extremamente perigosos para todos.

Um pouco da história

A atividade promovida todos os anos, no dia 07 de setembro, tem sido referência de chamado à manifestação das bandeiras de luta e reivindicações coletivas levadas às ruas no dia do Grito.

A proposta do Grito dos Excluídos e Excluídas nasceu em uma reunião de avaliação do processo da 2ª Semana Social Brasileira, promovida pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), que aconteceu nos anos de 1993 e 1994 

A 2ª Semana Social Brasileira (1994) foi ponto de partida para que ocorresse, em 1995, o 1° Grito dos Excluídos e Excluídas. Ali se centralizou o tema “A vida em primeiro lugar”, com o lema “A fraternidade e os excluídos”.

A importância, ao longo desses 30 anos, é justamente ser a voz das populações mais carentes e que não tem voz. Por isso a Igreja Católica se junta aos movimentos sociais para esse ato de denúncia das injustiças, como a falta de alimentação digna, moradia, trabalho e por uma sociedade menos preconceituosa e mais fraterna, na distribuição do pão na mesa e na partilha com os mais sofridos

Veja a programação

07/09 (sábado):

08h – Concentração na Praça dos Tocos (em frente à Catedral)

09h – Caminhada pelas ruas do Centro de Rio Branco