Ibovespa cai 2% com incerteza fiscal; dólar sobe a R$ 5,78
O dólar subia de forma acentuada frente ao real nesta sexta-feira (8), à medida que investidores analisavam dados de inflação mais fortes do que o esperado no Brasil e novos anúncios de estímulo fiscal pela China que decepcionaram os mercados.
Às 14h, o dólar à vista subia 1,67%, a R$ 5,78 na venda.
Já o Ibovespa recuava, em meio a uma enxurrada de resultados corporativos e sem novidades sobre um pacote de corte de gastos prometido pela equipe econômica do governo.
No mesmo horário, o Ibovespa recuava 2%, para 127.1030,71 pontos.
Nesta sessão, o foco dos investidores se voltava para o cenário doméstico, com a divulgação de novos dados de inflação ao consumidor que moldavam o apetite por risco no mercado de câmbio.
O IBGE informou nesta sexta que o IPCA acelerou mais do que o esperado em outubro, atingindo uma alta de 0,56% em relação ao mês anterior, ante avanço de 0,44% em setembro. Economistas consultados pela Reuters esperavam alta de 0,53%.
Em 12 meses, a inflação subiu para 4,76%, de 4,42% no mês anterior, marcando a primeira vez desde janeiro deste ano que o índice de preços ficou acima do teto da meta perseguida pelo Banco Central em 4,50%.
O resultado gerava percepção de descontrole inflacionário no Brasil, levando investidores a descartarem a moeda brasileira em favor do dólar.
“IPCA acima da mediana. Isso puxa juros futuros e a novela do anúncio do pacote fiscal. Há uma grande expectativa do anúncio ainda hoje, o que amenizaria esse desconforto e poderia trazer algum alívio”, disse Fernando Bergallo, diretor de operações da FB Capital.
Na curva de juros brasileira, as taxas de DI apresentavam fortes altas, com os agentes financeiros apostando que o Copom precisará apertar ainda mais a política monetária para controlar a alta dos preços.
O mercado segue na espera do anúncio de um pacote de medidas fiscais pelo governo, que busca garantir a sustentação do arcabouço fiscal.
Na quarta-feira, o Copom elevou a Selic em 50 pontos-base, para 11,25%, e não forneceu orientação para suas próximas decisões. No comunicado, os membros da autarquia defenderam que o governo adote medidas fiscais estruturais.
O resultado do IPCA de outubro deve gerar pressão adicional para que o Executivo anuncie as medidas prometidas.
No cenário externo
Moedas emergentes, como o real, também sofriam devido a uma nova decepção com os estímulos fiscais da China, que ajudavam a derrubar os preços de commodities importantes, com destaque para o minério de ferro e o petróleo.
“O governo chinês deve optar por medidas de auxílio graduais em vez de uma ‘bazooka’ de estímulos, o que pode dificultar a melhora do sentimento em relação aos países com fortes laços comerciais com a China, como o Brasil”, disse em nota Eduardo Moutinho, analista de mercados do Ebury Bank.
O dólar avançava sobre o peso mexicano, o rand sul-africano e o peso chileno.
Os mercados também digeriam a decisão do Federal Reserve na véspera de reduzir os juros em 25 pontos-base, desacelerando o ritmo de afrouxamento monetário após o corte de 50 pontos em setembro.
Investidores também avaliam provável impacto sobre a economia norte-americana da eleição do republicano Donald Trump como presidente dos Estados Unidos.
Analistas esperam que as propostas de Trump — incluindo mais tarifas comerciais, repressão à imigração ilegal, redução de impostos e desregulamentação de empresas — impulsionem o crescimento e a inflação.
Mas, no curto prazo, ainda há uma incerteza considerável sobre quais medidas serão introduzidas e se a discussão de algumas estratégias, como as tarifas, pode ser uma tática de negociação.
O chair do Fed, Jerome Powell, indicou em coletiva de imprensa na quinta que o resultado da eleição não deve influenciar a política monetária dos EUA no curto prazo.
*Com informações da Reuters