Missão para cinturão de radiação da Terra é adiada pela SpaceX sem nova data
A SpaceX adiou mais uma vez o lançamento da missão Polaris Dawn: uma jornada ousada e arriscada aos cinturões de radiação de Van Allen da Terra com uma tripulação de quatro civis, que também tem como objetivo conduzir a primeira caminhada espacial comercial.
O primeiro adiamento ocorreu após um vazamento de hélio em equipamentos terrestres no Centro Espacial Kennedy, que impediu a nave de decolar na madrugada de terça-feira (27).
O lançamento foi brevemente remarcado para a madrugada desta quarta (28), antes de um novo cancelamento devido a condições climáticas desfavoráveis para o retorno da tripulação à Terra.
Uma nova data prevista de lançamento ainda não foi confirmada.
Segundo Jared Isaacman, o bilionário fundador da plataforma de pagamentos Shift4, que está financiando esta missão junto à SpaceX e é um dos membros da tripulação, os problemas do sistema de solo foram resolvidos e o clima para o lançamento parecia ótimo. No entanto, quando a tripulação retornar, eles também precisarão de águas e céus calmos.
A previsão atual para daqui a cinco dias, tempo planejado de duração da missão, levou a SpaceX a desistir das tentativas de lançamento nesta quarta ou na quinta-feira (29).
“Devido ao clima desfavorável previsto nas áreas de aterrissagem da Dragon na costa da Flórida, estamos agora suspendendo as oportunidades de lançamento do Falcon 9 da Polaris Dawn hoje à noite e amanhã. As equipes continuarão monitorando o clima para condições favoráveis de lançamento e retorno”, a SpaceX postou no X, antigo Twitter.
Due to unfavorable weather forecasted in Dragon’s splashdown areas off the coast of Florida, we are now standing down from tonight and tomorrow’s Falcon 9 launch opportunities of Polaris Dawn. Teams will continue to monitor weather for favorable launch and return conditions
— SpaceX (@SpaceX) August 28, 2024
Em uma entrevista à CNN no início deste mês, Isaacman disse que encontrar o clima ideal para retornar à Terra após a breve viagem à órbita é crucial.
“Temos cinco, seis dias — talvez você possa esticá-los — de suporte de vida no veículo”, disse Isaacman. “Então você tem que ter certeza sobre a tolerância a falhas e redundância em seus sistemas. Você tem que ter certeza sobre o clima.”
A tripulação de quatro pessoas está em quarentena aguardando o lançamento.
Assim que uma nova data de lançamento for definida, a SpaceX planeja transmitir o evento ao vivo no X, rede social anteriormente conhecida como Twitter, que o CEO da SpaceX, Elon Musk, comprou em 2022.
A tripulação viajará para a órbita no foguete Falcon 9, dentro da cápsula da SpaceX Crew Dragon em formato de iglu, que mede cerca de 4 metros de diâmetro.
Primeira tentativa comercial de caminhada espacial
A Polaris Dawn é uma idealização da SpaceX e de Isaacman, que fez sua primeira incursão em voos espaciais com a missão Inspiration4 em setembro de 2021.
Este voo, no entanto, não é apenas um passeio de diversão.
Isaacman e seus companheiros de tripulação — incluindo o amigo próximo e ex-piloto da Força Aérea dos Estados Unidos Scott “Kidd” Poteet, bem como as engenheiras da SpaceX Anna Menon e Sarah Gillis — esperam acumular vários superlativos nesta missão de cinco dias.
Primeiro, a cápsula SpaceX Crew Dragon visa levar a tripulação a alturas recordes para uma órbita regular ao redor da Terra, superando o marco estabelecido pela missão Gemini 11 da Nasa em 1966, que atingiu 1.373 quilômetros.
Se bem-sucedida, a Polaris Dawn superaria essa altura em cerca de 32 quilômetros.
A missão também pretende atingir a marca de maior distância a que um ser humano já voou desde as missões Apollo da Nasa (1968-1972) — que levaram astronautas a 400.000 quilômetros até a Lua, em vez de parar na órbita da Terra.
A Polaris Dawn também pode marcar o ponto mais distante que uma mulher já foi no espaço.
Para dar início ao terceiro dia de missão, a tripulação civil, orbitando a uma altitude mais baixa, cerca de 700 quilômetros acima da Terra, tentará uma caminhada espacial histórica.
O esforço será perigoso, expondo todos os quatro membros da tripulação e o interior da Crew Dragon ao vácuo do espaço. Tal situação pode dificultar um novo fechamento da escotilha na Crew Dragon devido às diferenças de pressão. E a exposição ao vácuo pode fazer com que toxinas sejam liberadas do material quando a cabine for repressurizada, embora a SpaceX diga que tomou medidas para evitar isso.