Política

Morre Vargas Llosa: escritor universal

Morre Vargas Llosa: escritor universal
Publicado em 15/04/2025 às 0:32

Ney Lopes
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A literatura universal perde um dos seus nomes mais expressivos. Mario Vargas Llosa faleceu pacificamente em Lima, no último domingo, cercado por sua família. Um gigante da literatura latino-americana. Pessoalmente, adoto a auto definição que ele deu a si próprio sobre sua ideologia política, dizendo: “sou um homem moralmente progressista, mas economicamente liberal”.

Biografia

Nascido em Arequipa, Peru, em 1936, Vargas começou a trabalhar como repórter policial aos 15 anos. Quatro anos depois, fugiu com sua tia de 32 anos, Julia Urquidi, dez anos mais velha que ele. A sua segunda esposa foi a prima Patricia, mas ele a deixou em 2015, após 50 anos, pelos encantos de Isabel Preysler, mãe do cantor Enrique Iglesias, cujo relacionamento terminou em 2022. Ele teve três filhos.

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Em 1990, concorreu à presidência do Peru, dizendo que queria salvar seu país do caos econômico e da insurgência marxista. Perdeu no segundo turno para Alberto Fujimori, um então desconhecido agrônomo e professor universitário, que derrotou os insurgentes, mas depois foi preso por crimes de direitos humanos e corrupção. Frustrado com a perda, Llosa mudou-se para a Espanha, mas continuou influente como escritor na América Latina.

Hugo Chávez foge de debate

Cabe destacar, que a candidatura de Llosa à presidência do Peru em 1990 anunciou uma era de liberdade, que agora parece esquecida. No Encontro da Vuelta de 1990, ele enterrou o PRI com uma frase: “O México é a ditadura perfeita”. Em 2002, ele criou a Fundação Internacional para a Liberdade, que reuniu o pensamento liberal e ofereceu soluções práticas para os problemas da região. Pouco depois do congresso da FIL em Caracas, Hugo Chávez, em um de seus típicos movimentos de bravata, o desafiou para um debate público. Mário, com sua coragem habitual, aceitou. No último minuto, como era de se esperar, Chávez recuou.

Prêmios

A devoção do jovem Mario Vargas Llosa por Sartre era tanta que seus amigos brincavam com ele, chamando-o de “o pequeno alfaiate corajoso”. Anos depois, e muito distante do pensador francês (que, aliás, rejeitou o Prêmio Nobel), o escritor hispano-peruano continua sendo um intelectual comprometido. Em novembro de 2021, ele também se tornou imortal da Academia Francesa, apesar de não ter escrito uma única linha na língua de Molière.

Contra Fidel

Na década de 1970, Vargas Llosa, antigo apoiador da revolução cubana, denunciou Fidel Castro, enfurecendo muitos de seus colegas literários de esquerda. Um deles foi Gabriel Garcia Marques, amigo pessoal de Fidel e também ganhador do Prêmio Nobel. A propósito houve um sério dissentimento, embora amicíssimos, que resultou em soco no rosto desferido por Llosa, que deixou marca. Um amigo de García Márquez disse que Vargas Llosa ficou chateado pelo colombiano ter “consolado” sua esposa durante um desentendimento. O ciúme presente.

A literatura e a política sentirão falta de Garcia Llosa. Um nome que escreveu páginas de fé e crença nas liberdades humanas.

Curtinhas

  • O ímpeto de Trump não amedrontou os chineses. Exportações saltam 12,4% em março e superam projeções, em meio a tarifaço de Trump. No mesmo período, importações caíram 4,3%. Embarques foram o triplo das previsões de analistas.
  • Na semana da Páscoa, os trabalhos da Câmara Federal ocorrerão de forma remota e com sessões no início da semana para compensar feriados.
  • Em Portugal, o preço do óleo deverá descer 6,5 cêntimos por litro a partir de segunda-feira, 14 de abril, ao passo que o da gasolina deverá recuar 7,5 cêntimos.
  • Curiosidades da Páscoa: Segundo os evangelhos, Jesus faleceu por volta das 15h, depois de passar seis horas pregado na cruz. Quando Jesus exalou seu último suspiro, as escrituras afirmam que um terremoto abalou as terras. Pôncio Pilatos é lembrado como o governador romano que condenou Jesus à morte por crucificação. No entanto, menos conhecido é o fato de que Pilatos inicialmente considerou Jesus inocente segundo a lei romana.
  • Como nos contam os evangelhos, Jesus foi espancado, ridicularizado e cuspido publicamente antes de ser obrigado a usar uma coroa de espinhos e carregar a cruz nas costas. Essa era uma prática comum para os condenados à morte por crucificação pelas mãos dos romanos.

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