“O empresário precisa buscar intensamente o conhecimento”, afirma Ricardo Nunes

“O empresário precisa buscar intensamente o conhecimento”, afirma Ricardo Nunes
Publicado em 07/09/2024 às 22:24

Conhecido por liderar a Ricardo Eletro durante mais de 30 anos e acumular um império varejista com mais de 1.100 lojas, 45 mil funcionários e um faturamento de R$12 bilhões por ano, o empresário mineiro Ricardo Nunes marcou presença no Rio Grande do Norte durante a última segunda-feira (2). Durante a visita à Natal para a Convenção Nacional dos Empresários, Ricardo concedeu uma entrevista à TRIBUNA DO NORTE e esclareceu informações acerca do período em que liderou a Ricardo Eletro e concedeu dicas sobre o mundo empresarial. Confira:

Para iniciar, poderia nos explicar um pouco da sua trajetória à frente da Ricardo Eletro?

A Ricardo Eletro foi fundada por mim. Comecei em uma cidade no interior de Minas Gerais. Foi ali em Divinópolis que montei minha primeira lojinha de 20m², cresci, desenvolvi em todo o estado de Minas Gerais, depois nós fomos para o Espírito Santos e Salvador. Em 2010, compramos outras redes em Goiás, aquela região ali do Centro-Oeste, e chegamos a mais de 400 lojas faturando R$5 bilhões, e depois fizemos a fusão com a Isinuante, e que depois compramos a EletroShop, CityLar, e se tornou uma empresa de 1.100 lojas, com 45 mil funcionários e faturando R$ 1 bilhão por mês. Em 2018 nós vendemos a empresa para um fundo e todos os sócios saíram da empresa. Ela foi ter problemas entre três e quatro anos que já havia vendido a empresa. Então nós não participamos, Graças a Deus, desse problema.

Eu já tinha vendido a empresa quando nós percebemos que precisava de muito capital de giro, que a briga estava sendo outra, o fundo chegou, fez uma auditória durante quase um ano e meio, dois anos, e no final, no lugar de comprar 75%, resolveram comprar 100% e nós vendemos a empresa. Nós saímos da empresa. Depois vem o problema da pandemia, vem as coisas e a empresa entrou em uma certa dificuldade, mas hoje nenhum dos sócios está na empresa hoje.

Como você avalia as denúncias que existiram no seu nome, como a de sonegação fiscal?

[A empresa] já estava com o fundo, eu já não estava mais. Só que como o nome estava Ricardo Eletro, acabou associando. Mas imediatamente perceberam que a gente [os sócios anteriores] não tinha nada a ver e continuamos nossa vida normal. E o fundo também não fez nada de errado, houve uma interpretação na época do que o fundo tinha feito, que não estava correto, mas depois ficou tudo certinho.

Como foi essa virada de chave de empresário para mentor de outros empreendedores?

Eu falo que depois que eu vendi a empresa, eu comecei a levar o conhecimento através das redes sociais e uma professora me chamou dizendo ‘Ricardo, tem tanta gente ensinando um monte de coisas que nunca fizeram, nunca praticaram, e você está sempre trazendo a coisa real, prática. Por que você monta uma empresa?’. Assim criamos o Grupo R1 e o Método RGV, onde eu fico todo mês, durante três dias, com 40 horas de conteúdo, geralmente com 250 empresários, e sempre em São Paulo porque a malha aérea e logística é mais fácil. Então todo mês levo esse Método RGV, onde explico tudo sobre gestão, marketing e vendas, e estou rodando o Brasil inteiro com a Convocação para apresentar esse trabalho, para mostrar o que eu falo dentro do RGV.

Especialistas lhe consideram uma pessoa que sabe aproveitar as oportunidades e que sabe trabalhar a agressividade no mercado. Como você se enxerga nesse mercado?

Eu sou um cara muito voltado para o marketing. Apesar de ter tido 45 mil colaboradores, eu sempre tive muitos bons gestores comigo, porque você não constrói uma empresa desse nível se você não tiver controle e processo. Mas eu sou um cara muito voltado para marketing e vendas, então por isso que as pessoas vêm muito o Ricardo como aquele cara agressivo na venda que estava sempre colocando a cara na televisão, em todos os programas. Esse foi um dos pontos fortes daquela época.

Você acredita que existe um passo a passo para o sucesso?

Tem. Muito trabalho, muita dedicação, muito conhecimento. Agora, o passo a passo não é esse passo a passo que você lê no livro. Por isso que eu falo que tem muito mentor de palco. As pessoas pegam livro e vão levar o conhecimento, agora quem viveu na pele, a dor de passar como empresário pequeno, médio e grande, sabe as dificuldades de manter o negócio. Às vezes as pessoas falam “ah, mas a Ricardo Eletro quebrou”. Eu falo “cara, se tivesse quebrado na minha mão, eu acho que eu teria mais experiência”, porque se engana aquele empresário que acha que pode ser empresário e nunca pode acontecer uma coisa com ele.

Graças a Deus eu já tinha vendido a empresa, mas poderia ter acontecido comigo também e não teria problema nenhum, porque a vida do empresário é assim, é luta, é batalha. Só não é para os mentores de palco, para os coaches que não têm empresa. As pessoas que têm empresa, que tem que batalhar, que tem que lutar. A vida real é essa.

Qual conselho você daria para a pessoa que está abrindo uma empresa pela primeira vez?

Analisar muito aquilo que você vai abrir, fazer um raio-x do que ele está modelando. Se ele montar alguma coisa, ver quem é a pessoa referência naquele mercado, ver o que aquela pessoa faz, ver o que ganha, como ela faz para ganhar dinheiro, para depois montar o negócio.

Como você avalia a importância do empresário se apresentar no mercado através do marketing?

Hoje, mais do que nunca com as redes sociais, é fundamental. Se naquela época minha há 33 anos atrás era fundamental, você imagina hoje com as redes sociais. Pessoas conectam pessoas, pessoas confiam em pessoas. Quando você põe a cara, a credibilidade é outra.

Quais fatores contribuem para os altos índices de mortalidade de empresas no Brasil?
A falta de conhecimento. O empresário tem mania de achar que é somente na força de trabalho. O médico geralmente para colocar a mão no conhecimento gasta 11 anos [de estudo]. O empresário acha que ele pode montar o negócio e sair criando um atrás do outro sem buscar conhecimento. Agora é buscar conhecimento com quem realmente praticou.

Ele tem que buscar o concorrente dele ou então visitar alguém de outro estado, tem que estar intensamente buscando conhecimento. Eu sou a pessoa que fiz somente até o 3º ano do 2º grau, mas rodei o mundo inteiro buscando conhecimento sobre o meu negócio.

Você pensa em abrir uma nova empresa no ramo do varejo?

Não, eu estou me dedicando 100% a esse negócio [Grupo R1]. Hoje nós temos, além do Metódo RGV, o Clube que tem mais de 200 empresários que eu acompanho o ano todo, então hoje é impossível.