O futuro, hoje – Tribuna do Norte

O futuro, hoje – Tribuna do Norte
Publicado em 09/10/2024 às 0:25

Vicente Serejo
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As eleições municipais sempre foram, e continuarão sendo, preparadoras das eleições que ocorrem dois anos depois. Nesse arco, que envolve tempo e experiência política, a posição mais confortável entre as maiores forças, no Rio Grande do Norte, é a do União Brasil, presidida pelo ex-senador José Agripino. Pela liberdade de articulação por não ser candidato a nada, e a força da reeleição exuberante do prefeito Alysson Bezerra no segundo maior colégio eleitoral do Estado.

Como se não bastasse, Agripino sabe que Alysson, pela idade, em 2026 não poderá ser candidato ao Senado, o que eleva as atenções para disputar o governo, o que, até lá, terá uma idade permitida pela Constituição. Nesta hora do calendário do futuro, o candidato natural ao Senado pode ser o hoje prefeito Álvaro Dias, afinal, todos sabem que passou pelo acerto com o senador do União Brasil e por Paulinho Freire, se for eleito no segundo turno no dia vinte e sete próximo.

Mas, nesse jogo do hoje e do amanhã, há uma rocha no meio do caminho: a candidatura do senador Rogério Marinho ao governo. Não só pela legitimidade inquestionável, como pela força e o desempenho como representante do bolsonarismo. Se no sentimento de alguém ainda poderia perdurar alguma dúvida, basta olhar o resultado das urnas do primeiro turno em Natal. Não cabe substituir o fato pelo desejo. Marinho é um candidato forte e o senador Agripino sabe muito bem.

Mesmo que não se possa negar o magnetismo popular do prefeito de Mossoró, com os seus mais de cem mil votos, por essa mesma razão é inegável o estilo arrojado do senador Rogério Marinho, demonstrado duas vezes: quando saiu senador diante da grande aliança da governadora Fátima Bezerra que a fez conquistar a reeleição em primeiro turno; e, agora, ao licenciar-se do seu mandato e assumir a tarefa de fortalecer seu partido, o que soube fazer e as urnas demonstraram.

Neste outubro que nem alcançou a metade dos seus dias, o provável é que, mantidos os pesos e contrapesos, a chapa de governo em 2026 tenha a presença de Alysson Bezerra, Álvaro Dias e Styvenson Valentim e um segundo nome para o Senado, o que não se pode subestimar, com o crédito de ter apoiando Paulinho Freire nas eleições. Não parece fácil remover a composição na medida em que o próprio ex-senador Agripino mantém a disposição de não mais disputar mandato.

Depois, sejamos práticos: ainda que o atual vice-governador Walter Alves assuma de fato o governo e dispute a reeleição, é pouco provável que encontre espaço entre as duas grandes forças que certamente ocuparão o campo de luta. O MDB é um partido sem rosto, sem discurso e sem líder. Optou por um chefe, apesar de ter feito quarenta e cinco prefeitos, nos quais há, no máximo, uma meia de dúzia com alguma representação eleitoral. Hoje esse é o futuro. Salvo melhor juízo.

PALCO

SINAL – As urnas mostraram: o PSDB definha no interior. Não teve nome para disputar a eleição em Natal e caiu da quarta para a oitava posição. Paga por acomodar-se como um adjutório do PT.

ANOTE – Não é impossível a presença de Joana Guerra no secretariado de Paulinho Freire se vier a sair prefeito nas urnas do dia 27. Para ser a presença de Álvaro Dias no Palácio Felipe Camarão.

ELOY – O dia 7 de outubro que passou marca os 65 anos da morte de Eloy de Souza, o grande jornalista desta vila. Nasceu dia 4 de março de 1873 e faleceu a 7 de outubro de 1959, aos 86 anos.

FLIP – Começa amanhã a Feira Literária Internacional de Parati, no Rio. O homenageado é o cronista João do Rio. Quatro novos livros serão lançados sobre sua obra e a sua biografia em HQ.

ESPECIAL – Já está no acervo do Instituto Ludovicus a edição especial do Dicionário do Folclore Brasileiro. Marca os seus setenta anos. Com o prefácio de Laurentino Gomes e uma iconografia.

FLORADA – Magros, sem folhas, e como se estivessem tristes, os ipês, as acácias e as sucupiras continuam em silêncio. É assim, todos os anos, quando preparam a primavera nesses morros daqui.

POESIA – Do cronista João do Rio na sua crônica sobre o Rio, “A cidade janeleira”, 1903, pleno de um belo lirismo: “A vida não estava nos jardins, tão viçosos e tão frescos: estava nas janelas”.

CULPA – De Nino, o filósofo melancólico do Beco da Lama, criticado por Absalão por ter um olhar comprido para as mulheres: “Já nasci hétero. Não tenho culpa de admirar mulheres bonitas”.

CAMARIM

MÁCULA – Para um velho e calejado observador da política, o ex-prefeito Carlos Eduardo Alves começou a perder a campanha quando, na última reunião com o prefeito Álvaro Dias, encerrou a conversa ao fazer uma advertência infeliz: a de que venceria a disputa com ou sem apoio de Álvaro.

AVISO – Esta coluna não afirmou ser impossível a eleição de Natália Bonavides. Mas, para vencer a distância, ultrapassar e ser a prefeita, precisa agigantar-se. Ser um David para vencer um Golias, desafio que ainda no início do primeiro turno foi tema desta coluna. E negar seria uma estupidez.

DIFÍCIL – Os oráculos de quem a coluna ouviu sobre a possibilidade de uma chegada ao segundo turno, dizem que a única coisa fácil para o marketing adversário é a exploração da sua condição de petista. Para eles, “Natália fascina pela coragem da juventude quando enfrenta os poderosos”.

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