Obra de engorda da orla de Ponta Negra completa um mês em execução

Obra de engorda da orla de Ponta Negra completa um mês em execução
Publicado em 20/10/2024 às 0:22

O reinício das obras da engorda de Ponta Negra completa um mês de trabalhos executados neste domingo (20), com as obras acontecendo a pleno vapor e prazo de entrega mantido por parte da Prefeitura do Natal, que é de concluir a obra até o fim do ano. As obras estão em cerca de 20% de execução.

“Estamos com 1,2km de extensão e estamos em direção à área mais urbana da praia em relação ao Morro do Careca. As obras estão num ritmo bom, normal. Se não tivermos nenhuma intercorrência entregaremos sim até o final do ano esta obra. Já percebemos, nessas marés altas que deram em Natal, que o aterro hidráulico já cumpriu sua função de proteção da areia de costa nas áreas onde ele já foi posto. Então esperamos que consigamos finalizar até o Morro do Careca ainda em 2024”, analisa o secretário de Meio Ambiente e Urbanismo de Natal, Thiago Mesquita.

Nesta semana, a Prefeitura do Natal pretende fazer uma reunião com a DTA Engenharia para fazer uma avaliação dos primeiros 30 dias da obra. Os recursos para execução da engorda de Ponta Negra atingem R$ 73 milhões.

As obras foram retomadas no dia 20 de setembro após a Prefeitura encontrar nova jazida com areia de qualidade e suficiente para a obra e decretar emergência nas praias de Ponta Negra e Via Costeira após o risco de colapso em diversos pontos da orla, atingindo hotéis, passeio público, sistema de drenagem e o Morro do Careca, com risco de acidentes fatais e danos ambientais. As marés altas e intensas que passaram a atingir Natal na época, e voltaram a se intensificar nesta semana, foram um dos motivos elencados pela Prefeitura para edição do decreto.

Na época, a Procuradoria Geral do Município disse que a situação de emergência decretada vai muito além da obra de engorda, que, graças à medida, pôde continuar, segundo interlocutores. Entre as legislações que embasam o decreto estão o Código Florestal, como a Lei de Política Nacional de Proteção e Defesa Civil (12.608/2012) e a Resolução 369/Conama.

Nas últimas semanas, a Agência Nacional de Mineração (ANM) aprovou a extração de areia da nova jazida que está alimentando as obras da engorda de Ponta Negra. A justiça também determinou que o Instituto do Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente (Idema) se abstenha de “impor obstáculos” à execução das obras da engorda da Praia de Ponta Negra.

A retomada das obras da engorda tem atraído curiosos e visitantes no canteiro de obras da empresa vencedora da licitação para executar os trabalhos. Entre turistas e moradores da capital potiguar, os trabalhos da draga e a execução do aterro têm feito com que a obra seja bastante visitada.

“Vim olhar porque fiquei curioso, só via no jornal passando. As obras estão boas, se terminar vai ficar boa para todo mundo, para turistas, barraqueiros, para Natal. Do jeito que está hoje está difícil, colocamos o guarda-sol cedo e quando a maré sobe precisamos colocá-lo em cima. E ninguém quer ficar lá em cima”, diz José Aflânio, 41 anos, barraqueiro em Ponta Negra.

Quem também visitou a obra recentemente foi o catarinense Luiz Fernando Pacheco, 73, que mora em Natal há meses. O servidor público aposentado residia em Balneário Camboriú, cidade que também recebeu intervenção na orla por meio de um aterro hidráulico nos últimos anos. Em Natal, ele defende a obra. “Vim in loco para ver como estava a obra. São obras diferentes. Lá era uma praia em que na avenida da praia e depois do almoço ela ficava na sombra. Hoje em dia isso não acontece mais. A praia foi alargada. É um mar diferente, adequado para banho”, aponta.

A engorda

A engorda de Ponta Negra é considerada primordial para a praia, que há anos sofre com a erosão costeira provocada pelo avanço do mar e que tem modificado a estrutura do Morro do Careca, um dos principais cartões postais da capital potiguar, descaracterizando sua paisagem.

Atualmente, em situações de maré cheia, bares, barracas e banhistas ficam praticamente impedidos de frequentar a areia e o mar. Segundo os estudos feitos pela empresa paulista Tetratech, a engorda será feita a partir de um “empréstimo” de areia submersa trazida de uma jazida em Areia Preta para Ponta Negra.

A engorda é, na prática, um aterro que será colocado ao longo de 4 quilômetros na enseada de Ponta Negra. O objetivo final é de que a faixa de areia nas praias de Ponta Negra e parte da Via Costeira seja alargada para até 100 metros na maré baixa e 50 metros na maré alta.

Um artigo científico elaborado por professores e pesquisadores da UFRN, apontou que o morro perdeu 2,37 metros na altura em 17 anos. No levantamento ficou constatado que a altura do Morro do Careca atualmente é de 63,63 metros. Esse número, em 2006, era de 66 metros. Conforme o levantamento, a redução se deve a uma convergência de fatores, entre eles o avanço do mar e a redução da faixa de areia.