País do futebol encontra o seu futuro no esporte
Cassiano Arruda Câmara
Um país como o Brasil – “o país do futebol” – encontrou no esporte (de uma forma geral) o maior gerador de notícias positivas capaz de contentar os brasileiros, que nunca questionaram essa verdade, construída nos torneios internacionais muitas vezes, quando a euforia dos brasileiros não conseguia ser contida nem pela síndrome de “Vice”.
Em 1970, sob um governo ditatorial, a “pátria de chuteiras” (segundo o escritor Nelson Rodrigues) nunca havia conseguido faturar tanto, no campo administrativo (econômico, político, social) com a formação de um movimento como com a força da “Epopeia do TRI”, tendo como principais arauto o próprio presidente da República que tinha na preservação da própria imagem um capital que não se desgastou com o uso. Foi a base do “Brasil Grande”.
A vitória nos campos de jogo do México, onde foi disputada a Copa do Mundo de 1970, recebeu resultados inimagináveis transformados em popularidade para os governantes e para todo o Governo, embora se tratasse de uma vitória no campo esportivo e da conquista de um campeonato mundial.
GOVERNO FUTEBOL CLUBE
Esporte e Governo sempre andaram juntos no Brasil, até se imaginar o que aconteceria com a promoção de uma Copa do Mundo e mais uma Olimpíada, como aconteceu em 2014/2016, com investimentos sem paralelo.
No fim, um duplo fracasso.
Da Copa do Mundo, ficou a derrota da seleção brasileira para a Alemanha, em Minas Gerais, por um placar nunca antes sofrido pela equipe brasileira futebol em qualquer competição oficial: – 7 a 1.
– Acachapantes Sete a Um.
Na Olimpíada pela falta de uma equipe capaz de empolgar o torcedor, como existem dezenas de registros à disposição de quem se dispor a procurar.
Embora não tenham faltado patrocinadores para o esporte no Brasil, sobretudo da iniciativa privada, a realização da Olimpíada de Paris, não foi além do razoável, e quem resolver pesquisar dificilmente encontrará algum indício de exagero de qualquer ordem.
Todo o esforço da mídia não conseguiu um envolvimento maior do que o normal, num evento como dos jogos olímpicos além do normal.A aposta no time de futebol terminou em decepção. O time brasileiro não conseguiu se classificar.
NOME E SOBRENOME
Ai apareceu a salvação da lavoura. Com nome e sobrenome. Rebeca Andrade mulher, negra, bonita, natural de Osasco, SP, com – até então – uma discreta ficha no Comitê Olímpico.
Na presente Olimpíada ela apareceu, como discreto destaque na equipe de seis integrantes vencedora do primeiro prêmio coletivo de ginástica conquistado pelo Brasil.
E no último domingo observou-se uma virada completa no time nacional e Rebeca capitalizou o feito, tornando-se a mais premiada atleta do Brasil em todos os tempos e começou a fazer história no esporte desde que se tornou a primeira brasileira a ganhar uma medalha olímpica de ginástica.
E, de repente, a “ginasta brasileira que se destacou nos últimos anos, especialmente nos Jogos Olímpicos de Tóquio 2020 passou a ocupar todos os espaços.”
Nos Jogos Olímpicos de Paris 2024, ela coroou sua participação ao conquistar a medalha de ouro no solo, superando Simone Biles com uma pontuação de 14.166 contra 14.133 de Biles. Esse feito fez de Andrade a primeira ginasta a vencer Biles em uma final de solo em uma competição internacional importante. Além disso, Andrade também ganhou a prata no individual geral, reafirmando seu status como uma das maiores atletas da ginástica brasileira e mundial.
O Brasil estava ávido por um ídolo com este perfil. E Rebeca chegou chegando sem receber contestação e com sobras para ocupar um lugar que nunca teve uma ocupante.
HORA E A VEZ
O Brasil está vivendo um momento, especialmente do ponto de vista do Rio Grande do Norte que justifica uma ação governamental para evitar que aconteça uma involução no panorama local.
Afinal de contas não é possível que depois de reunir as melhores condições para a prática e o desenvolvimento do esporte, o Rio Grande do Norte seja expulso da posição legitimamente conquistada, a partir de 2014, quando sediou uma subsede da Copa do Mundo Fifa atendendo sem falhas o que havia sido acertado.
O Governo do Estado tem obrigação de se movimentar para mostrar o legado que ficou dos grandes investimentos anteriormente feitos e que o habilitam a participar da organização da Copa do Mundo de Futebol Feminino que se realiza no Nordeste do Brasil no próximo ano.
Além dos investimentos já feitos na montagem da infraestrutura esportivas (estádios, campos de treinamento, pessoal qualificado), Natal dispõe de completa infraestrutura turística capaz de atender todas as demandas que um torneio do porte de uma Copa do Mundo exige.
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