Porque Poesia é Preciso – Tribuna do Norte

Porque Poesia é Preciso – Tribuna do Norte
Publicado em 20/07/2024 às 19:34

Alex Medeiros
instagram: @alexmedeiros1959

O título acima com as maiúsculas iguais é uma antítese lírica da “parceria público-privada” dos tempos da gênia Dilma. E também para destacar alguns poetas aniversariantes do domingo, 21, como o americano Ernest Hemingway, o britânico Cat Stevens (que se assina com nome islâmico) e a francesa Charlotte Gainsbourg. Além de ser data histórica quando faz 55 anos que o astronauta Neil Armstrong se tornou o primeiro homem a andar sobre a superfície da Lua. Um feito que mexeu com o mundo e gerou poesias e canções com o nosso satélite natural, tantas vezes enquadrado nas fotos dos luais em Ponta Negra, a praia que é alvo de olho-gordo de burocratas.

O que não mata engorda!
(Graco Medeiros)

Tudo vale a pena
se a alma não é Idema.
E lá se vai o mais famoso
cartão bostal de Natal.
Chora, Tom do Cajueiro
ronquem seus motores
jipeiros e bugueiros.
Cadê os dromedários
para engabelar otários?
Ralem as bundas
e os mucumbus
nas dunas de Genipabu!
E a voz cavernosa de Cambraia
ou a do jornaleiro “Alberis”
anunciando raro mariticídio:

  • “A Mulher Matou o Marido!”
    E a “Princesinha do Mar”,
    a mais famosa natalense,
    quem matou?
    A amante Falésia?
    Pense!
    Algum pinta sacana
    Que fumou uma bagana
    ouvindo Creedence?
    Ah, crias do IBDF…
    E o confisco de arribaçã
    que vi naquela manhã
    em sua sede campestre?
    Numa blitz da peste
    quantas aves flagradas
    tirados da boca do povo?
    Ao passar em frente
    naquele sábado indecente
    vi muitos carros, muita gente,
    até superintendente…
    Agora diga, seu Zé do Posto:
    Qual era mesmo o tira-gosto?!

Asas
(Cat Stevens)

O vento foi feito para nos levar
signos de ar sabem com certeza
nos leva e acaricia nossos rostos
faz saias e bandeiras se desdobrarem.

Um dia de vento é uma celebração
sol brilhante, grande brisa, olá
cartas não jogadas com muita frequência
show especial da natureza

Especialmente com a brisa
do outono colorido também
sacudindo todas as folhas
em movimento

Bilhões de minúsculos sinos de igreja
levantam meus olhos e despencam
colocam-se todos eles na cama
pois o inverno está diante de nós
a neve caindo adiante.

Tudo isso uma melodia
fluxo de ar a melhor parte
tocando violinos
parte graciosa da folhagem

Fingindo ser jovem de novo
a magia no ar em frente ao mar
andando pela grande calçada
cabelo desgrenhado
e soprado pelo vento.

Junto com a juventude
(Ernest Hemingway)

Uma pele de porco-espinho,
duro de um bronzeado ruim,
deve ter acabado em algum lugar.
Uma grande coruja com chifres
empalhada pomposa
olhos amarelos
o noitibó empoleirado num galho
encharcado de poeira.
Pilhas de revistas velhas,
gavetas cheias de cartas de meninos
e a linha do amor
Eles devem ter acabado em algum lugar
a tribuna de ontem partiu
junto com a juventude
e a canoa que quebrou na praia
o ano da grande tempestade
quando o hotel pegou fogo
em Seney, Michigan.

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