Preço dos alimentos oscilam entre queda de 13,7% à alta de 11,5%

Preço dos alimentos oscilam entre queda de 13,7% à alta de 11,5%
Publicado em 15/09/2024 às 3:42

A oscilação nos preços dos alimentos é visível na percepção de quem vai às compras constantemente, seja nos supermercados ou nas feiras livres. Enquanto alimentos como tubérculos, raízes e verduras apresentam uma baixa recente nos valores, outros produtos alimentícios característicos da dieta do brasileiro, como o leite, açúcar e frutas ainda não chegaram a um patamar de preços aceitável pelos consumidores. Mesmo assim, em agosto, o custo da Cesta Básica em Natal, caiu 1,87% em relação ao mês anterior.

O levantamento do Instituto de Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente do Rio Grande do Norte (Idema), realizado por meio da Coordenadoria de Estudos Socioeconômicos (CES), aponta que os itens que mais contribuíram para essa queda de preços foram tubérculos, raízes e legumes (-12,29%), hortaliças e verduras (-5,65%), panificados (-2,35%), carnes (-1,28%) e cereais, leguminosas e oleaginosas (-0,63%).

“A verdura baixou. O tomate, por exemplo, a gente tava comprando a R$ 6 o quilo, até R$ 7…agora está menos a R$ 2. Já as frutas não senti baixar e nem aumentar. Isso é bom porque são alimentos saudáveis que ficam mais acessíveis”, comentava a vendedora Lícia Magaly, 46, após realizar suas compras na feira livre do Alecrim, uma das mais tradicionais da capital.

O grupo Alimentação e Bebidas, que responde por 32,43% do índice geral em termos de participação no orçamento familiar, apresentou uma variação negativa de 0,58% em relação ao mês anterior. Mas nem tudo tem gerado satisfação. Outros produtos continuam com preço em alta e, dependendo da lista de compras, não cobre a queda no valor dos outros alimentos.

“A gente percebe alguma mudança sim, mas ainda não está no ideal. O feijão aumentou muito nos outros tempos e parece que não baixa mais. E é um alimento que todo mundo precisa em casa. Aqui ainda achei a R$ 10 o quilo, mas nos mercados chega a R$ 15”, relata a dona de casa, Patrícia Coelho, 48.

Ela não percebeu muita diferença no preço do produto porque, segundo o Idema, a redução foi bem tímida, de apenas -0,36% em agosto, comparando ao mês de julho. Além do feijão, dos treze produtos que compõem a cesta básica, outros sete itens tiveram variações negativas: legumes (-13,79%), tubérculos (-8,95%), óleo (-8,23%), farinha (-6,76%), pão (-3,13%), carne de boi (-2,13%) e arroz (-0,55%). O restante registrou aumento nos preços: leite (11,51%), café (9,18%), margarina (7,38%) frutas (6,57%) e açúcar (2,94%). “Eu acho que deve ser por causa da diminuição da produção de cada produto. A batata deu muito cara, deu R$ 5 o quilo. O feijão verde, que comprava de R$ 15, está em R$ 25”, comparava a autônoma, Maria das Graça, 59 anos.

Ela é cliente da vendedora Aurilene Gomes, 60 anos, que explicava sobre fatores que provocam o movimento dos preços. “A importação impacta muito. Os produtores vendem para fora. Quando compro a eles, tenho que ceder a um preço competitivo com quem compra de fora, ou então, falta pra gente. Daí o valor sobe para o cliente final também”, esclarece. “E quando a gente aumenta, o cliente reclama e as vendas caem. Fica ruim pra todo mundo”, pontua a vendedora.

A situação ainda pode se agravar com o severo cenário de seca e queimadas que o Brasil enfrenta. Embora o Rio Grande do Norte não esteja entre os estados mais atingidos diretamente pelos incêndios florestais, os economistas alertam que o RN poderá sentir os reflexos dessa crise no futuro, especialmente na safra do próximo ano. Açúcar, feijão, café, soja, carne, laranja, melancia e hortaliças podem sofrer aumentos.

O economista Thales Penha diz que a dificuldade no plantio devido à falta de chuvas e às queimadas em outras regiões pode afetar a logística e a distribuição de alimentos. “Neste ano, já enfrentamos um período de estiagem, que resultou em uma colheita inferior à do ano passado. No próximo ano, haverá custos adicionais para recuperar as terras afetadas, o que demandará mais tratamento de solo, gerando um aumento de despesas para os produtores. Algumas áreas podem se tornar impróprias para o cultivo, o que pode gerar custos no médio prazo”, explica.