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O que se sabe sobre investigação contra ex-reitor suspeito de desvios milionários na UERR
Além de Regys, o atual reitor Cláudio Travassos, foi alvo da operação. Prejuízo estimado é de mais de R$ 100 milhões, o que pode ter causado enriquecimento ilícito dos membros da organização criminosa, segundo a PF
Por Redação g1 RR — Boa Vista (Republicado por xibatanews.com.br)
Ex e atual reitor são alvos da PF por desvio de R$ 100 milhões de licitações na UERR
O ex-reitor da Universidade Estadual de Roraima (UERR) Regys Freitas foi alvo de uma operação da Polícia Federal, nesta terça-feira (8), que investiga um esquema que desviou mais de R$ 100 milhões em licitação na UERR. O atual reitor, Claudio Travassos, que era vice de Regys à época do esquema, também foi alvo.
Confira abaixo o que já se sabe sobre a operação Cisne Negro, deflagrada pela PF:
- O que aconteceu na UERR?
- Quem são os principais envolvidos na investigação?
- Quais foram os bens apreendidos nas propriedades de Regys Freitas?
- O que aconteceu na operação deflagrada em 2023?
- Quem é Regys Freitas?
O que aconteceu na UERR?
A Polícia Federal investiga um esquema de desvio de dinheiro público envolvendo o ex-reitor Regys Freitas e a empresa de construção 3D Engenharia. A operação ocorreu na terça-feira (8).
A empresa de engenharia ganhava a licitação, a partir daí e se iniciava o esquema. Em um dos casos, o contrato inicial era de R$ 17 milhões, mas no final, a empresa recebia R$ 100 milhões. A operação é um desdobramento de outra deflagrada em 2023, quando policiais encontraram R$ 3,2 milhões escondidos em sacos de lixo para pagamento de propina na UERR.
Cerca de 50 policiais federais cumpriram 10 mandados de busca e apreensão, além das medidas de sequestro de bens e bloqueio de valores, deferidos pela Justiça, após representação da Polícia Federal. Também foram aplicadas medidas cautelares, como tornozeleira eletrônica para um dos investigados. A PF não detalhou qual deles.
Em nota, a UERR informou que a Polícia Federal esteve no campus do bairro Canarinho, onde ficam os setores administrativos da Universidade, para cumprir uma ordem da Justiça. Destacou que o mandato foi apenas para a busca e apreensão de documentos, e a UERR entregou tudo o que foi solicitado, colaborando totalmente com a decisão judicial.
Quem são os principais envolvidos na investigação?
Os principais envolvidos são Regys Freitas, ex-reitor da UERR, e Claudio Travassos, atual reitor. Além deles, oito servidores do setor de engenharia da UERR também estão sendo investigados. O g1 tenta contato com Regys, Cláudio e com a empresa citada.
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Atual reitor da UERR, Cláudio Delicato, e o ex-reitor, Regys Freitas — Foto: Reprodução/UERR
A operação dessa terça-feira investiga Regys por desvios de dinheiro público, lavagem de capitais e organização criminosa. Não há outros detalhes sobre como funcionava o esquema.
Quais foram os bens apreendidos na operação?
Em propriedades do ex-reitor, a PF apreendeu dois carros de luxo, R$ 500 mil em relógios, moto aquática e um avião. O material foi encontrado na casa e em uma fazenda Regys. A polícia também apreendeu 150 cabeças de gado, dinheiro bloqueado e armas.
A PF também apreendeu dinheiro em espécie na casa de outro servidor da UERR. Foram mais de 4 mil euros, 6 mil dólares e mais de R$ 7 mil.
O que aconteceu na operação deflagrada em 2023?
Quando a primeira operação foi deflagraram, em 2023, a empresa havia vencido uma licitação de R$ 16 milhões na UERR. Os dinheiros apreendido e encontrados nos sacos de lixo, segundo a investigação, seria para pagar propina relacionadas ao esquema criminoso.
Os fardos de dinheiro, que estavam escondidos dentro de sacos de lixo, foram encontrados pela PF nos fundos da casa do irmão de um empresário suspeito de participar do esquema, em Boa Vista.
Pilha de R$ 3,2 milhões apreendidos pela PF em operação contra esquema de proprina na UERR, em Boa Vista — Foto: PF/Divulgação
Quem é Regys Freitas?
Regys ocupava a função de controlador-geral de Roraima, mas foi exonerado após ser alvo da operação. Em nota, o governo de Roraima informou que “o decreto de exoneração do referido servidor foi assinado nesta terça-feira, 08, e que a devida publicação já está sendo providenciada”.
Como controlador-geral, Regys tinha status de secretário de estado e fazia parte do alto escalão do governo, assim como quando estava à frente da UERR.
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Regys Odlare Lima de Freitas ocupava o alto escalão do governo — Foto: Reprodução/UERR
Regys Odlare Lima de Freitas, é também advogado e ex-policial civil. Foi reitor da UERR durante oito anos, de 2015 a 2023. Ele é doutor em direito pela Universidade Federal Fluminense (UFF), mestre em direito pelo Centro Universitário Curitiba, advogado e ex-policial civil de Roraima.
Ele também é suspeito de agredir, ameaçar e perseguir a ex-esposa, uma estudante de medicina, após o término do casamento. A Justiça concedeu uma medida protetiva e proibiu ele de se aproximar da vítima.
Em 2019, chegou a ser afastado do cargo de reitor pelo governador Antonio Denarium (PP), mas conseguiu na Justiça ordem para voltar à função. Regys, à época, afirmou que Denarium havia se baseado em fake news para decretar seu afastamento e o do seu vice-reitor, Elemar Favreto.
Em 2020, Regys demitiu a professora Ivanise Maria Rizzatti, que foi proibida de participar das bancas de defesa de três pesquisas de conclusão de curso que foram orientadas por ela. Ivanise foi professora efetiva do curso de química por 10 anos, mas foi demitida em 24 setembro.
À época, Regys chegou a proibir a entrada e permanência de seis professores concursados na instituição que demonstraram apoio à Ivanise durante um ato dentro da universidade. A Justiça suspendeu a decisão.
O fim da gestão de Regys na UERR foi marcada pela operação Harpia da Polícia Federal e pela eleição do então vice dele como novo reitor da instituição. A investigação ocorreu após a PF ter apreendido R$ 3,2 milhões em dinheiro vivo numa ação que apurava um esquema de pagamento de propina que envolvia a UERR.